Capital chinês preocupa
O acordo conseguido entre o Governo e os acionistas privados, Humberto Barbosa e David Neeleman, continua a levantar várias dúvidas, nomeadamente, no que diz respeito à entrada de capital chinês na companhia aérea, no âmbito do acordo de reversão da privatização.
Uma questão que foi hoje mencionada na reunião por ser também uma das preocupações da Comissão de Trabalhadores da TAP.
O futuro investimento do HNA na companhia aérea, através da empresa de David Neeleman, ainda não está no entanto aprovado pelo governo da China. Sendo que também a autoridade da concorrência brasileira tem de aprovar o negócio. Em causa estão 400 milhões de euros, sendo que 120 milhões estão destinados única e exclusivamente à TAP.
Um investimento que o atual governo não tinha divulgado, quando tornou público o acordo estabelecido entre o Estado e a Atlantic Gateway, para a recuperação de 50% do capital da companhia aérea portuguesa. Na base da decisão de sigilo em relação a esta cláusula do memorando de entendimento terá estado o facto de ainda serem necessárias aprovações para que o grupo HNA possa investir na Azul.
Numa intervenção feita na Assembleia da República, o deputado do Bloco de Esquerda, Heitor de Sousa, sublinhou que “a operação de reprivatização da TAP só serve os interesses do senhor Neeleman para a recuperação da sua companhia aérea – a Azul – à custa do erário público português”. Também o PCP contesta este acordo: “Não serve o país”. Para João Oliveira, líder parlamentar dos comunistas, “o controlo e propriedade públicos da TAP” devem ser condições fundamentais.
O CDS acusa o governo de ter omitido ao país e ao parlamento esta entrada de capital. Recorde-se que o grupo chinês Hainan Airlines (HNA) anunciou, em novembro de 2015, a compra de 23,7% da Azul, companhia de David Neeleman, que vive graves dificuldades económicas.
SNPVAC questiona Rui Moreira
Através de comunicado, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) explica que a posição de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, contra a suspensão de quatro rotas a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, é questionável. “Este sindicato já criticou no passado a incoerência do Dr. Rui Moreira, que sempre foi um acérrimo defensor da privatização da TAP, com críticas constantes à política da companhia aérea nacional, mas também com críticas ao seu serviço e seus trabalhadores, e voltamos a criticar por negociar com uma empresa de aviação, Ryanair, que comprovadamente sujeita os seus trabalhadores a situações precárias e não efetua o pagamento de impostos em Portugal, quiçá com ainda mais pagamentos a esta empresa, a juntar aos cerca de 10M€ que já recebe de várias entidades nacionais para manter as suas bases operacionais em Portugal”.
E avança com uma solução: “Na eventualidade da TAP se manter irredutível quanto à supressão das rotas entretanto anunciadas, o SNPVAC defende que esses voos podem e devem ser realizados pela SATA Internacional, de modo a contribuir para o crescimento da economia nacional, até porque esta Empresa já explorou rotas com origem no Porto”.