2.E muitos comentadores de estações de televisão norte-americanas e blogues políticos aventaram mesmo a possibilidade de um renascimento, qual fénix política, de Jeb Bush. Isto porque Jeb começara, finalmente, a acertar o discurso e a estratégia eleitoral – para além de ter contado com a presença do seu irmão, ex-Presidente dos EUA George W. Bush, na campanha para as primárias da Carolina do Sul. Mas nenhuma destas previsões se concretizou: Jeb Bush registou mais uma derrota estrondosa (para muitos, humilhante), o que revela a irritação do eleitorado republicano face ao status quo do partido.
3.Resulta evidente que este não era o momento, nem o tempo de Jeb: o ex- Governador da Flórida carrega o (insustentável?) peso da linhagem política Bush, ainda muito presente na memória dos americanos – e é o rosto mais visível dos republicanos de “Washington”, tão criticados no outro lado do atlântico, por via de sucessão política familiar.
3.1. Dir-se-á que Jeb é muito diferente – para melhor! – do seu irmão. Concordamos que Jeb é um político com muitas virtudes, com uma invulgar capacidade de pensar estrategicamente e de decidir ainda melhor – todavia, é um Bush. Sofre pelos erros de seu pai e de seu irmão: muitos eleitores ainda culpam os “Bushs” pela tragédia do GOP, designadamente de ter permitido a ascensão do Presidente Barack Obama. Jeb não perde por ser Jeb: perde por ser Bush.
4.Posto isto, o que resta para os próximos capítulos? Um confronto entre Donald Trump, de um lado – e Ted Cruz com Marco Rubio, de outro lado. Ou seja: de um candidato que já foi democrata, mudou a sua filiação partidária e que se apresenta contra a elite dirigente do partido para o regenerar – e de dois candidatos apoiados pelo “Tea party”, ambos brilhantes, muito inteligentes, oradores excepcionais, mas muito conservadores.
4.1. Ao contrário do que tem sido afirmado, quer Ted Cruz, quer Marco Rubio são muito mais conservadores (sobretudo, socialmente) que Donald Trump. EM síntese: Donald Trump é radical no discurso – embora mais moderado nas ideias, tirando as duas parvoíces do muro com o México e a expulsão de todos os muçulmanos (ideias sobre as quais já não fala há muito tempo…). Ted Cruz e Marco Rubio são mais moderados no discurso – mas mais radicais nas ideias, no conteúdo.
5.Não temos nenhuma dúvida que Marco Rubio será Presidente dos EUA; só ainda não sabemos quando. Parece-nos que este será o momento de Donald Trump: os dados são-lhe favoráveis para conquistar a nomeação do GOP (Partido Republicano). Uma vitória já ninguém lhe tira: Jeb, um dos seus adversários favoritos, já está fora da corrida. Utilizando as frases sempre muito sugestivas de Trump – e entrando na sua nova fase de atracção do eleitorado hispânico -, é caso para dizer: “hasta la vista, Jeb!”. Até sempre, Jeb. Perdeu esta eleição, mas os EUA não podem dispensar as suas muitas virtudes políticas.
6. Quem pára Donald Trump? Eis a questão que vai animar a política norte-americana nas próximas (longas) semanas.