Ah! A juventude, a juventude. Que bonito início de mandato é este cuidado com a juventude, com o futuro deste esperançoso e ambicioso país.
E a juventude precisa é de música. Precisa de se deixar inebriar pelo cheiro a favas com chouriço trazido pelas notas do Cid, enquanto tenta comprar meia sandes mista com o dinheiro que não recebe do estágio não remunerado. Mas talvez nem tanto. Talvez a juventude precise antes das letras do Abrunhosa para a socorrer agora que se está a apaixonar pela ideia de emigrar, até porque é impossível resistir a tanto charme que vem das oportunidades de trabalho lá fora. Mais porque a juventude diz: tudo o que te dou é empenho, o que me dás a mim é mais de 30% de desemprego jovem.
Mas vamos fazer o que ainda não foi feito, pensou o Marcelo em relação a esta tomada de posse. E a música para a juventude continua. Continua porque os HMB lhe dizem que não perca tempo a chupar limão, o que faz sentido porque não sobra muito tempo quando se trabalha mais de 10 horas por dia. Se se tiver trabalho, claro. E o compasso passa enquanto a música toca. Toca, mas não me toca. Não te toca. Não nos toca tanto como passar um recibo verde e descontar 25%. Aí sim, toca tanto que até a juventude se emociona, como se fosse para ela a única mulher que a completa, como se um contrato não fosse uma mais digna mulher. Obrigado, Anselmo. A juventude agradece. E se calhar agradece ainda mais que lá passe o Diogo Piçarra, que seja alento o seu talento ter ganho um concurso. Vê-se a meritocracia ao fundo do túnel? Não muito bem, que há tachos e doutores a tapar a passagem até lá à distante frente.
E por tudo isto e mais alguma coisa, a juventude bem que pode pôr ao peito a sua ambição, os seus objectivos e os seus sonhos, pode até uma rosa branca pôr, que a Mariza logo entoará o hino nacional para nos lembrar qual é o nosso fado. O fado de saber que este país não é para novos, mas ao menos há concertos para (distrair) a juventude.