O novo Banco apresentou ontem prejuízos de quase mil milhões de euros e o presidente do grupo, Stock da Cunha, justificou esse resultado com a herança de Salgado. Salgado rejeita essa justificação: “Mais de um ano e meio depois da resolução, o Novo Banco tem menos 24% de depósitos e concedeu menos 33% de crédito do que o BES em 30 de Junho de 2014, o que demonstra que os Clientes tinham mais confiança no BES do que têm no Novo Banco”.
O antigo banqueiro enumera depois as várias intervenções do Banco de Portugal no caso BES, como as diversas auditorias solicitadas pelo regulador e provisões impostas antes do colapso.
“Convém igualmente relembrar que foi o Banco de Portugal que prolongou, durante mais de um ano e meio, a transferência de activos ditos tóxicos para o BES, incluindo a garantia soberana do Estado de Angola ao BESA”, acrescenta o gestor, lembrando ainda a decisão de transferência para o BES de obrigações sénior do Novo Banco, que pôs “em causa a confiança no Novo Banco junto de investidores institucionais de grande relevância a nível internacional”.
Ricardo Salgado refere que “não fugirá às suas responsabilidades” pela gestão do banco, mas lava as mãos dos resultados do Novo Banco, imputando-as ao BdP. “Como é evidente, passado mais de um ano e meio da resolução o Dr. Ricardo Salgado não pode ser responsabilizado pela gestão do Novo Banco e muito menos pelas consequências da decisão de resolução, que sempre denunciou como um erro. É tempo de o Senhor Governador do Banco de Portugal assumir a responsabilidade pelos seus atos”.