Os gabinetes políticos, e as mordomias em geral dos cargos do Estado (sobretudo políticos, incluindo nas empresas públicas), são das coisas mais antipáticas (e das mais caras para os contribuintes) da democracia portuguesa. Já se percebeu que os políticos deslumbrados com o Poder de todos os partidos, sobretudo dos mais habituados ao Poder, consideram estas mordomias o custo normal da democracia. Apesar de não existirem nas outras democracias, em especial nas mais maduras. Naturalmente, os contribuintes não querem uma democracia com este preço caro e imoral. Preferem uma democracia mais barata e mais ética –como é costume serem as do Ocidente democrático.
E nem sequer convence a ideia de que os políticos portugueses são mal pagos. Porque nem sequer são tão mal pagos como o resto dos portugueses, a começar logo pelos funcionários públicos (a quem Passos quis convencer de que viviam em grande estilo internacional). Vendo o que se passa lá fora, percebemos imediatamente que os mais altos cargos políticos têm vencimentos semelhantes a funcionários públicos de nível médio, que devem estar melhor preparados do que eles. Por isso vemos tantos países em que a Função P (a quem Passos quis convencer de que viviam em grande estilo internacional)s mordomias polºporque caem nos gabinetes mio custo ública aguenta situações longas sem governos, e sem problemas.
De resto os gabinetes grandes, são uma concorrência desonesta e imoral à Função Pública: primeiro, porque o seu trabalho é o do funcionalismo, e assim deveria continuar a ser, como em todo o resto do mundo, deixando portanto de haver funcionários públicos a mais; depois porque caem nos gabinetes miúdos impreparados (os tais boys políticos de que falava Guterres) com ordenados superiores aos melhores e mais experientes e bem formados funcionários públicos.
Quando aparecerá um Governo suficientemente honesto para retirar aos contribuintes o peso das mordomias políticas? Sobretudo em época de austeridade.
Isto é uma pedra que tenho no meu sapato sobre o OE 2016, que não me passaria pela cabeça dizer mal por dizer, criticar por se arriscar a precisar de emendas futuros como precisaram todos os do anterior Governo, ou por ter impostos mais justos e ponderados do que os do anterior Governo (porque eu, como os dinamarqueses, nunca fui contra os impostos, mas a sua aplicação injusta, num eito pouco ponderado – como fez o Executivo de Passos/Portas –, ou em mordomias políticas avessas às verdadeira democracia).