O comum dos mortais tem dificuldade em visualizar um buraco negro, algo descrito como uma região de espaço-tempo com um tal poder de atração gravitacional que nada lhe escapa, incluindo a luz, que serão partículas e radiação eletromagnética, o que explica essa designação quase perturbadora de buraco negro.
Um grande buraco negro, com algumas ondas, não gravitacionais mas de choque, paira sobre o imobiliário português e sobre a nossa Economia com a desacelaração das Autorizações de Residência para Investimento (ARI) que em Janeiro de 2016 voltaram a cair relativamente aos números, já de si fracos, do mês anterior.
Isto é, como já tive oportunidade de dizer, um péssimo sinal para o mercado e para a sustentabilidade daquele programa. Este tipo de quebras, resultantes da ineficácia burocrática da atribuição das autorizações dá aos potenciais investidores estrangeiros uma imagem de descrédito de Portugal de graves consequências.
Na verdade, por preconceitos, quiçá ideológicos, estamos a deixar que esse programa de captação de investimento, que gera riqueza, mantém e gera emprego, esteja a estagnar, apesar de haver centenas de processos a aguardar despacho pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a por à prova a paciência dos investidores interessados.
Para algumas forças, que não aparecem publicamente a defender o boicote das Autorizações de Residência para Investimento, vulgo vistos gold, Portugal estará a fazer um favor a esses investidores estrangeiros que serão, por esse mesmo prisma, hostes organizadas ao serviço de práticas ilícitas, entre as quais lavagem de dinheiro.
A verdade é porém outra. Todos os crimes de colarinho branco associados à atribuição de vistos gold em Portugal são, até ao momento, em número insignificante. Devem ser, como é óbvio, severamente punidos mas não devem servir de alibi para acabar com um programa fundamental para a nossa Economia.
Só no que diz respeita a transações imobiliárias, os vistos Gold já fizeram entrar em Portugal mais de 1,5 mil milhões em investimento estrangeiro. Matar esta via de financiamento, empurrando-o para outros países da União Europeia que possuem programas semelhantes ao nosso é um crime de lesa economia contra o qual não me canso de alertar.
Matar esta via de financiamento é criar um enorme buraco negro na nossa economia e no importante sector imobiliário, gerando profundas ondas ‘gravitacionais’ que poderão destruir mais emprego, inviabilizar o necessário movimento da reabilitação urbana das nossas principais cidades e criar uma terrível desconfiança relativamente à nossa própria boa-fé.
*Presidente da CIMLOP – Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa presidente@cimlop.com