«O CDS é um instrumento ao serviço de Portugal e de todos os portugueses. Orientado para a resolução concreta e pragmática dos problemas quotidianos das pessoas, encontra inspiração central para as suas soluções na matriz democrata cristã», lê-se na moção da até agora candidata única.
A oposição «firme e bem sustentada ao governo das esquerdas» é a «marca» do CDS. Cristas quer ver o CDS denunciar «os riscos para o país de uma governação aventureira» e a «propor caminhos de prudência e crescimento estável».
Sobre alianças, começa por reduzi-las ao PSD, na medida em que não fecha a porta a entendimentos para uma «alternativa de governo de centro-direita», só depois das eleições. Mas abre a porta ao PS. É que o CDS, apesar das «convicções profundas», «respeita as convicções alheias e acredita que o país só progride solidamente com flexibilidade e espírito de cedência construtiva». E deixa anda um aviso: «Rejeitamos a lógica permanente da luta, dos ganhadores e dos perdedores».
Ex-apoiantes de Nuno Melo pedem ‘liderança combativa’
Em relação às autárquicas do próximo ano, a candidata remete para o Conselho Nacional a aprovação de «orientações», deixando nota de que o CDS pretende «reforçar» a sua presença local. Cristas defende ainda que deve ser o partido a «lançar a discussão para uma reforma eleitoral».
Ao mesmo tempo que será votada a moção de estratégia global de Cristas – a única que propõe uma liderança –, serão discutidas outras moções. É o caso do texto ‘Juntos pelo futuro: Compromisso pelas pessoas’, de que é primeiro subscritor Filipe Lobo d’Ávila e que junta, entre cerca de 600 subscritores, Abel Batista, Altino Bessa, Hélder Amaral ou Raul de Almeida, quase todos ex-apoiantes de Nuno Melo à liderança do CDS, quando ainda se colocava a hipótese de o eurodeputado avançar.
No texto, os subscritores pedem uma «liderança combativa» e propõem a limitação do poder do líder na escolha de candidatos. Isto é, propõem que só possa escolher os cabeças de lista em cada distrito e metade dos candidatos eleitos nas legislativas anteriores.
Outras das propostas é eliminar o ‘PP’ (Partido Popular) da sigla do partido. «A estratégia de acrescentar PPà sigla falhou. Não resultou e não trouxe nada de novo. Até Paulo Portas deixou de usá-la nos últimos anos», justifica um subscritor da moção ao SOL. Embora o texto não oficialize o apoio a Cristas, o mesmo dirigente esclarece que não se trata de uma moção de oposição. Mas admite querer influenciar o seu mandato.