Quem pede a demissão de Soares

Veio hoje parar-me ao computador uma petição a pedir a demissão de João Soares, de ministro da Cultura. O pior é vir em nome de Marcelo Rebelo de Sousa,Presidente da República eleito (e que me merece grande simpatia e apoio) e que sempre tenho visto e ouvido falar mais em consensos e pontes do que…

Reconheço que simpatizo com João Soares, desde que eu era um principiante na Faculdade de Direito, e o via lá como aluno muito mais velho (penso que do curso do Marcelo ou de algum logo a seguir). E lembro que, a seguir ao 25 de Abril, o passei a admirar mais, por não se colar ao sucesso do pai, mas procurar fazer o seu próprio caminho – sem grandes radicalismos, mas dentro do espírito bastante revolucionário da época. Em suma, devoto-lhe muito maior apreço do que a António Lamas.

De Lamas tenho sempre a ideia de que era um saneador, quando esteve à frente dos Parques de Sintra. Não esqueço que ele chegou a afastar Filipe Graciosa, de diretor da Escola Portuguesa de Arte Equestre (terá sido para o próprio ocupar o lugar?), esquecendo que a alta escola nos cavalos não pode ser encarada com medidas burocráticas como ele fez.

Também ficou à vista uma certa falta de dignidade de Lamas, quando o novo Governo deixou explícito não pretender mantê-lo no lugar (ele afinal não tinha a dimensão, nem gerava a consensualidade de figuras como António Mega Ferreira ou Vasco Graça Moura, seus mais grandes antecessores). Seria para assim assegurar melhor uma indemnização por despedimento? Neste caso até o compreendo, porque o dinheiro não nasce do chão, e é preciso sustentarmo-nos.

Maior dignidade teve João Soares quando clamou: “Se pensam que me intimidam desenganem-se”.

Só me maça ver o nome de Marcelo Rebelo de Sousa misturado nestas trapalhadas  de grupetos partidários, que nem um verdadeiro partido representam. Até por não ser esse o comportamento que Marcelo está a ter publicamente – e que na minha opinião tem sido irrepreensível.