Cristas leva Bilhete de Identidade ao Congresso

Foi a segunda intervenção de Assunção Cristas no primeiro dia de trabalho do congresso do CDS. 

A candidata à sucessão de Paulo Portas apostou, no segundo momento em que falou  hoje diretamente para os delegados eleitos ao congresso, na partilha do seu percurso pessoal, familiar e profissional.  E para quem está a considerar o conclave morno – como assumiu ter ouvido de alguém antes de entrar na sala  – Cristas lembrou que “as pessoas que nos estão a ver não gostam de sangue”.
 
A infância. Em Luanda, onde nasceu.  Por altura do 25 de abril de 1974, “estava na barriga da minha mãe”. Nasceu numa “democracia que foi particularmente dolorosa” para a família. Cristas, tem 41 anos. “Os meus pais recomeçaram a sua vida em Lisboa. Com alguma mágoa, mas com muita saúde, com uma vontade enorme de construir a vida. Sempre com otimismo”. Isto para quê? A candidata a líder do CDS explica: “É esse otimismo de que eu sou feita. A este país falta esse otimismo, falta espírito positivo, falta vontade de vencer, falta sonho largo como a terra onde nasci”.
 
Depois, lembrou as relações em casa. Cristas é a filha do meio de cinco. Ora aproximava-se dos mais velhos, ora aproximava-se dos mais novos. “Nada como ter uma família grande. É precisa muita ponte, muito diálogo”. Cristas é do sexo feminino. E este campo do Bilhete de Indentidade também serviu para trazer para cima da mesa o espaço das mulheres na sociedade. Aí o CDS marca pontos, disse. “Temos sido os primeiros a dar espaço às mulheres. Lembro a Maria José Nogueira Pinto que foi a primeira líder de uma bancada parlamentar em Portugal”.  E acrescentou: “Dar espaço às mulheres significa também dar espaço a outra forma de estar. Menos bélica, menos agressiva, com mais vontade de diálogos. Saber negociar não signfiica perder. As mulheres podem mais hoje do que podiam no tempo do meu pai, que tem 80 anos. Espero que mais mulheres possam aparecer”, Recado dado e compromisso assumido.
 
A maternidade. Cristas é mãe de quatro filhos. “Isso traz-me uma alegria imensa. É o meu projeto de vida e do meu martido. Há outros caminhos de felicidade também. E a nossa sociedade deve ter toda a abertura. A abertura a todos os tipos de felicidade”, disse. Incluindo à felicidade entre pessoas do mesmo sexo? Cristas não especificou. Mas deixou nas entrelinhas.
A vida profisisonal é central. Cristas é professora da universidade de Lisboa. “Hoje estaria provavelmente a entregar as provas de agregação”. Mas não está. Porquê?  Explicou e recordou. “Paulo Portas convidou-me para vir para o CDS. Fui para a comissão política fazer um relatário sobre a natalidade. Depois veio o desafio do Parlamento, na comissão de Orçamento e Finanças, nos tempos dos PEC’s. Acho que aprendi e dei o meu melhor”.
 
Anos depois, não muitos, já que Cristas é rápida, veio o governo. “Onde nada sabia sobre a Agricultura. Mas encontrei gente que pensava largo, que olha para o mundo com um grande trabalho a conquistar”.  Tudo isto acrescentou-lhe ao BI outra profissão: política. “Sou adovgada, professora universiária e política. Hoje digo que sou política com orgulho. Estar na política deve ser um motivo de orgulho para todos. Não é uma atividade menor, não é uma atividade de má fama”.
 
Uma política está presente. “Senti depois da experiência de governo, e quando se abriu a questão da liderança, que era meu dever refletir se deveria ou não avançar. Estou aqui. Quero desenvolver com todos pelo meu país aquilo que pude fazer pela Agricultura e pelo Mar em Portugal”. Desafio lançado. Compromisso assumido.
 
Ah, a religião. O CDS é um partido laico. Mas Cristas é católica. Praticante. “Religão. Algo que é o mais estrutural da minha vida: que é ser católica. Acho que somos inteiros e sempre os mesmos em todas as dimensões da nossa vida”. E disse mais, para reforçar. “E isso para mim significa um desassossego permanente. Enquanto houver gente com fome, pessoas desoladas, não podemos estar quietos, não podemos ficar de braços cruzados. Para um católico a ambição é a nossa meta. Inconformismo como estratégia. Ambição como meta”.
 
 Nuno Melo, na intervenção uns minutos antes, alertava que ninguém pode ficar para trás. Cristas terminou a apresentação do BI aos congressitas, lembrando as origens e respondendo ao eurodeputado que chegou a ser pressionado a avançar para a liderança do CDS, quando Cristas já tinha sinalizado o seu interesse em avançar. Eis o provérbio angolano: “Quem quer ir depressa, vai sozinho; com quer ir longe, vai acompanhado”. Eis o BI de Cristas no primeiro dia de congresso do CDS, a poucas horas da votação que dirá com quantos votos Cristas é eleita sucessora de Paulo Portas no CDS.