Admitindo que tudo isto é verdade (e eu não consigo engoli-lo), temos de concluir que o caso de Maria Luís Albuquerque, primeiro como ministra das Finanças (surgemagora críticas ao facto de Portugal não ter evoluído melhor financeiramente), depois como pós-ministra (ao ir trabalhar para uma empresa que funcionou noâmbito do seu sector ministerial, e que recebeu ali, direta ou indiretamente, favores seus), é a imagem de um certo tipo político que infelizmente por aíabunda, com grandes apoios populares.
Luís Marques Mendes, que conseguiu emprego na SIC como comentador político-partidário, figura relevante do velho PSD (o de Marcelo Rebelo e Sousa), considerou naquela TV que a ex-ministra ‘deu um tiro no pé’. Contudo, Passos Coelho, que não tem mostrado grande capacidade pessoal de perceber omundo à sua volta (veja-se a maneira como encarou a partida do CDS para um caminho distinto do PSD, e a concorrer completamente com ele), ou que o percebe muito melhor do que nós, diz-se continuar a apostar muito em Albuquerque, eestar até a pensar nela para uma vice-presidência do PSD neste próximo Congresso, marcado para Espinho. Talvez em substituição de Miguel Relvas (em 2014, o escolhido – embora eu continue a achar ter sido Relvas a escolher Passos Coelho, e não o contrário, o que explicaria melhor a incapacidade dedecisão deste último — e que já mostrou só se afastar porque quer, e quando quer).
Enfim, resta-nos esperar por uma direita mais limpa, no PSD e no CDS, para ser realmente alternativa à maioria de esquerda (e não apenas retórica, como insistem em retoricizar os que rodeiam Passos; citando Ribeiro e Castro, se ganharam as últimas eleições, e não se viu golpe de Estado, porque não governam?). E realmente também preferiria uma esquerda mais limpa, mais pronta a varrer eleições – embora compreenda os que afirmam serem necessárias qualidades opostas para ganhar eleições em democracia, ou para governar, como por aí se tem visto.