Augusto Inácio e Pedro Guerra: dois exemplos de fair play desportivo (que nos devem inspirar)

1.O debate sobre futebol em Portugal está ao rubro: a entrada em cena de Bruno de Carvalho – o primeiro adepto-Presidente ou Presidente-adepto (?) em Portugal – veio ressuscitar o clima de guerrilha permanente entre clubes, entre instituições desportivas, entre adeptos. O Facebook tornou-se o meio de comunicação de referência dos dirigentes desportivos – nas…

2.No entanto, discordamos da opinião maioritária , segundo a qual os debates sobre futebol, que enchem as nossas estações televisivas de informação, promovem a violência e a falta de tolerância entre os adeptos dos vários clubes. E que têm agudizado um clima de quase “guerra civil futebolística” entre Benfica e Sporting. Pelo contrário, julgamos que estes debates – com destaque para o “Prolongamento” na TVI24 e o “Play-Off” na SIC NOTÍCIAS – contribuem decisivamente para o fair play desportivo – e a sã convivência entre os adeptos de todos os clubes. Julgamos mesmo que Pedro Guerra e Augusto Inácio merecem uma estátua pelo bem que têm feito em prol da paz no futebol português. Pedro Guerra é um entertainer puro; Augusto Inácio é uma figura híbrida entre o polemista inconsequente e o servidor fiel do Presidente Bruno de Carvalho (ontem mesmo, apresentou um “índex” de comentadores hostis ao Sporting, em directo, em pleno horário nobre da SIC NOTÍCIAS!).

3.Ao contrário do que as pessoas julgam, quer Pedro Guerra, quer Augusto Inácio, são pessoas encantadoras: cordiais, simpáticos, com regras de cortesia bem assimiladas e até cultos. A bem da Nação – e dos jovens portugueses apaixonados por futebol -, ambos resolveram criar duas personagens para entreter as massas aos domingos e segundas-feiras à noite: o inefável Pedro Guerra, muito irritadiço e a puxar pelos galões da sua experiência no Damaiense;   o insuportável Augusto Inácio, o homem das teorias da conspiração futebolística. Augusto Inácio é apenas uma versão moderna, actualizada, adaptada aos tempos da economia digital, do “agarrem-me, senão vou a eles!”.

4.Por muito desagradável que seja assistir a este espectáculo, a verdade é que Guerra e Inácio são dois excelentes exemplos de serviço público educacional. Porquê? Porque fazem mais pela tolerância, pela boa educação, pela inteligência e pela vontade de aprender e descobrir a cultura por parte dos nossos jovens e crianças – do que muitos arautos do politicamente correcto e dos milhares de euros públicos gastos em programa de educação cívica e tolerância no desporto. De facto, qualquer um de nós, após assistir aos programas de Pedro Guerra e Augusto Inácio, se questiona de si para si mesmo: “ Epá, eu faço estas figuras tristes quando falo sobre futebol? Epá, não me digam que eu sou assim…”.

5.Logo, Guerra e Inácio são dois contra-exemplos: representam tudo o que não queremos ser, nem parecer, a discutir futebol ou qualquer outro assunto. Ver o “Prologamento” deveria ser obrigatório nas escolas portuguesas: sem gastar dinheiro em programas de educação cívica – quem paga o salário a Guerra é a TVI e a Inácio é a SIC – os jovens aprenderiam conceitos básicos de boa educação, tolerância e inteligência argumentativa. Como? Limitando-se a não ser Guerra. Optando por não ser Inácio.

6. Obrigado, TVI e SIC NOTÍCIAS: quem disse que as privadas – almejando sempre o lucro e, para muitos, o lucro fácil – não poderiam prestar um serviço público de excelência? Caro leitor, não se esqueça: já faltam poucas horas para esse Tratado à Tolerância desportiva que é o “Prolongamento”…E, com isto, o Manuel Serrão até parece um Senador da República.

P.S – Outra sumidade do cometário futebolístico é o nosso amigo Rui Santos. Ontem, brindou-nos com esta frase de enorme requinte cultural e civilizacional: “ não vamos SUJAR a boca com esses nomes…”. Perante tanta erudição, I rest my case…Vou parar de escrever para não diminuir o nível da linguagem e da erudição…