14/11/2015
Identificado o ninho
Poucas horas passaram desde a matança de Paris, na noite de 13 de novembro, à primeira operação das forças antiterrorismo belgas no bairro bruxelense de Molenbeek. Na manhã de sábado, 14, foram realizados três raides no bairro mais islâmico de Bruxelas, com a justificação de procura de pistas relacionadas com os ataques da véspera. “Para já não há provas de envolvimento da Bélgica”, dizia ainda durante a manhã o ministro do Interior, Jan Jambon. Ao final do dia era o ministro da Justiça, Koen Geens, a confirmar que as buscas se justificavam com a localização de um veículo de matrícula belga junto ao Bataclan, sala de concertos parisiense onde faleceram 89 pessoas: “Foram realizadas várias detenções relacionadas com o veículo e com as pessoas que o alugaram”, disse Geens antes de acrescentar que várias significava “mais do que uma”.
16/11/2015
Abdeslam, o irmão
Com a identificação da maioria dos responsáveis pela matança, mortos durante os ataques, chegou também a confirmação de que tudo teria sido planeado em Molenbeek, bairro já bem conhecido das autoridades belgas – onde, por exemplo, residia o responsável pelo ataque ao Museu Judaico de Bruxelas, em maio de 2014.
Na manhã de segunda-feira, 16, as forças especiais da polícia belga voltaram ao ninho. Nenhum suspeito foi detido nesse dia, mas só aí as autoridades revelaram que na sexta-feira anterior tinham sido sete as detenções. Mohammed Abdeslam, irmão do único terrorista envolvido que conseguiu voltar à Bélgica depois da matança, já havia sido libertado, tal como quatro dos outros detidos.
17/11/2015
Raide em Saint Dennis, Paris
A polícia francesa também segue as suas pistas e encontra outro ninho de terroristas no subúrbio parisiense de Saint Dennis. Numa operação violenta – uma mulher residente na casa revistada fez-se explodir durante a operação – deu-se a primeira baixa relevante desta célula terrorista: Abdelhamid Abaaoud, belga de ascendência marroquina identificado como o cérebro dos ataques, foi uma das três vítimas mortais de um raide que deixou cinco polícias feridos e levou à detenção de outras cinco pessoas. Segundo informações então divulgadas pelas autoridades francesas, esta célula preparava um novo ataque, desta feita no coração financeiro da capital gaulesa, La Defense.
19/11/2015
Bairro de Jette junta-se a Molenbeek
Com novas informações vindas de Paris, seis novos raides em Bruxelas, divididos entre os bairros de Molenbeek e de Jette. A informação divulgada indicava que as operações se centravam com a “entourage” de Bilal Hafdi, um francês residente na Bélgica, de 20 anos, que havia sido identificado como uma dos três bombistas suicidas que atacaram no Estádio de França durante a realização de um particular entre as seleções de futebol de França e Alemanha.
23/11/2015
Bruxelas “encerrada” por quatro dias
Nova ida a Molenbeek, já com a preocupação de encontrar Salah Abdeslam, o único sobrevivente entre os atacantes de Paris. Sem sucesso no objetivo principal, a polícia belga faz mais 16 detenções no bairro, incluindo a de um suspeito que foi atingido a tiro enquanto estava em fuga. A certeza de que Abdeslam se escondia na cidade levou as autoridades a ordenar o ‘encerramento’ da capital: escolas, lojas e transportes públicos foram encerrados durante quatro dias, entre 21 e 25 de novembro, devido aos receios de um ataque iminente em Bruxelas.
26/11/2015
Para lá de Bruxelas
A pequena vila de Sambreville, situada a mais de 80 quilómetros a sul de Bruxelas, viu a sua pacatez interrompida pela chegada de uma equipa de operações especiais da polícia belga. Coube ao então desconhecido autarca Jean-Charles Luperto explicar que o raide tinha como objetivo a procura de provas materiais relacionadas com o ataque de Paris e não a detenção de qualquer suspeito.
02/12/2015
À procura de Mohamed Abrini
Mais cinco residências são alvo de buscas em Bruxelas, com a explicação desta vez relacionada com a procura de Mohamed Abrini. Era a última peça que faltava identificar dos três ocupantes de um dos veículos usados durante os ataques – Salah Abdeslam continuava em fuga e Ahmed Dahmani tinha sido detido, na véspera, na Turquia. Dois suspeitos foram levados para interrogatório mas nenhum deles ficou detido. Abrini conseguiu escapar e ontem, antes da polícia divulgar as imagens dos suspeitos, era tido como um dos prováveis autores da matança de Bruxelas.
10/12/2015
Salah Abdeslam encontrado, em impressão digital
As buscas num apartamento em Schaerbeek, Bruxelas, levam a polícia belga a descobrir o que chamou de “provável fábrica dos explosivos usados em Paris”. Três cintos explosivos, equipamento de fabrico de bombas e vestígios de triperóxido de triacetona – elemento comum neste tipo de engenhos – levam à conclusão, assim como a descoberta da impressão digital de Salah Abdeslam encontrada no local.
24/12/2015
Ligação a Paris leva à nona detenção
Os belgas fazem a nona detenção diretamente ligada aos ataques de Paris – outras dezenas de suspeitos foram detidos para interrogatório mas acabaram sem ser alvo de qualquer acusação. Abdoullah C é a identificação anunciada para o homem que tinha entrado em contacto com o primo do ‘cérebro’ Abdelhamid Abaaoud nos dias imediatamente seguintes à matança de Paris.
16/01/2016
Dois mortos e ataque evitado em Verviers
Dois suspeitos são abatidos em raides policiais na cidade de Verviers, no leste do país. Um outro homem é detido na operação, que a polícia diz ter sido focada num grupo acabado de regressar da Síria e que se preparava para realizar um ataque “numa questão de horas”. “Os suspeitos abriram fogo de imediato e o tiroteio durou vários minutos”, explicou o procurador Van Der Sypt. Quatro kalashnikovs e material de fabrico de explosivos são também apreendidos nesta ação policial.
27/12/2015
Evitado ataque de ano novo
Em raides sucessivos a 27 e 28 de dezembro, as autoridades belgas dizem ter prevenido um ataque planeado para as festividades de Ano Novo. Equipamento militar e computadores recheados de propaganda do Estado Islâmico são apreendidos nas cidades de Liége e Brabant. Quatro pessoas foram detidas nestas operações, mas só duas delas acabaram por ser formalmente acusadas.
15/03/2016
Argelino abatido em nova busca por Abdeslam
Após alguma aparente acalmia, os raides voltam a Bruxelas, desta vez no até então pacífico bairro de Forest. Um argelino é abatido pela polícia numa operação que leva a nova identificação de impressão digital de Salah Abdeslam. Além de armas, as autoridades encontram no local uma bandeira do Estado Islâmico.
18/03/2016
Salah Abdeslam capturado
127 dias depois de ter conseguido fugir de Paris, Salah Abdeslam é finalmente encurralado em Molenbeek. Perante os avisos da polícia para sair de braços no ar, o homem mais procurado da Europa resiste e acaba atingido numa perna antes de ser finalmente detido. Nas horas seguintes confirma o que todos suspeitavam: participou nos ataques de Paris, onde a sua missão era suicidar-se no Estádio de França, como três dos seus companheiros, mas o arrependimento falou mais alto. “Descobrimos muitas armas, armas pesadas, e uma nova rede de pessoas à volta dele em Bruxelas”, relatou o ministro belga dos Negócios Estrangeiros.