Para além da sua vida académica e cívica, o país precisa de Seguro na vida política e num futuro próximo na vida partidária do PS – pode ou não ser para líder, o importante é que volte a ajudar o PS a cumprir a sua missão. Penso que Seguro deve participar em debates televisivos mas não deve ser comentador a metro. Só no nosso país é que os políticos são comentadores, quando a sua missão deve ser a de fazer política e defender as suas ideias com unhas e dentes.
Alguns defendem que Seguro deve preparar-se para ser Presidente da República. Ele não planeia nada em política a não ser servir a sociedade com gosto, e nunca vi coisa mais ridícula do que alguém dizer com 5 ou 10 anos de antecedência que se vai preparar para um cargo importante, muitas vezes alardeando um poder que não possui. Isso nunca foi a motivação de Seguro.
Considero que dos políticos no ativo, Seguro é dos que melhor dominam os dossiês da Europa, como se viu por muitas propostas que fez enquanto líder do PS e que foram mais tarde, demasiado tarde, postas em prática pelo BCE e pela UE.
Seguro foi para a liderança do PS no pior momento da História do partido e num dos piores da nossa democracia. Essa compreensão e a sua humildade esclarecida levaram-no a moderar posições fazendo oposição pela positiva, e tentando – com a sua visão avançada sobre a União Europeia – ajudar Portugal a sair do buraco em que vivia.
Certa comunicação social e alguns setores da sociedade resolveram considerar as atitudes de bom senso como falta de força para liderar e, assim, acabaram por subvalorizar as suas capacidades enquanto sobrevalorizavam e até inflacionavam as capacidades de outros. Esta subavaliação custou-lhe as eleições no PS.
Estive em desacordo com ele quando Cavaco Silva veio propor um entendimento com o PSD no pós-troika e eleições antecipadas, que estou convencido Seguro ganharia, como ganhou as europeias. Ele não acreditava muito na solução e não queria fazer uma campanha eleitoral amarrado ao pré-acordo estabelecido, condicionando a sua liberdade e a dos eleitores. Não valeu a pena esta convicção porque, depois dos acordos que o PS fez para constituir o atual Governo, o partido perdeu a liberdade de disputar os próximos atos eleitorais sem dizer com pormenor que governo vai fazer e com quem vai governar se ganhar as eleições. E quem vai apoiar se as perder.
O futuro do Seguro para bem da democracia e dos indispensáveis partidos deve continuar a ser ativo na sociedade e no PS. Muitas das ideias que defende e defendeu são partilhadas pelo deputado europeu Francisco Assis, que na sua primeira candidatura ao PS foi seu opositor interno mas que, reconhecendo a capacidade política e o esforço honesto que Seguro estava a fazer para reerguer o PS e ajudar o país a sair do buraco em que se encontrava, passou a ser seu apoiante, integrando no congresso seguinte os órgãos do PS e encabeçando a lista ao Parlamento Europeu, numas eleições que o PS sozinho ganhou à direita coligada. Espero que estes dois quadros do PS continuem a participar na vida cívica e política partidária, pois a democracia portuguesa precisa de todos os que têm boas ideias e uma ética compatível.