O segundo dia do 36.º Congresso do PSD arrancou cedo e à entrada do pavilhão de Espinho Passos Coelho insistiu nos temas que marcaram ontem a abertura dos trabalhos: o Presidente da República não pode ser “instrumentalizado” por ninguém nem pelos partidos, embora deva “arriscar tomar posições”; não é normal que o governo interfira direta ou indiretamente nas questões da banca e, por fim, admitiu que só faz falta quem está, depois de ser questionado sobre ausências como as de Rui Rio, Morais Sarmento ou Miguel Relvas.
A manhã foi, por isso, calma. A expectativa está no período da tarde, a partir das 15 horas. É verdade que não se espera que algum dirigente saia de Lisboa ou do Porto – sobretudo do Porto – rumo a Espinho para fazer a rodagem de um carro, como Cavaco Silva, em 1985. As diretas anularam essa posibilidade. Mas são esperados discursos mais desalinhados da linha oficial do partido, como os de Paulo Rangel, que defende para o PSD uma oposição mais forte, de José Eduardo Martins, critico de primeira linha do passismo que defende o recentramento do PSD e o regresso à matriz social-democrata (o slogan não chega, avisa) ou de Pedro Duarte, que tem acusado o partido de não ter uma agenda na linha da de Sá Carneiro.
Podem ainda aparecer surpresas. Entre elas, especial destaque para Pedro Santana Lopes. Há dois anos, no Coliseu de Lisboa, perdeu o palco para Marcelo Rebelo de Sousa, que em apenas uma horas acabaria por marcar a história de um congresso de três dias. Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes e o próprio Marcelo, que suspendeu a militância no PSD, em virtude das novas funções em Belém, não aparecerão mesmo. Mas há quem admita que seria a o sal que está a faltar ao congresso que consagra a reeleição de Passos com 95% dos votos.
Passos quer sair deste congresso com a certeza de que passou para fora a imagem de união. E é certo e sabido que, para já, tem o partido consigo e que por ora é o líder incontestado. Mas as vozes discordantes da estratégia que definiu para os próximos dois anos pode impedir que a mensagem passe com eficácia. Por isso mesmo, o líder do PSD aproveitou a interrupção dos trabalhos para almoço para reunir com bloggers que estão a assistir ao congresso.
O encontro servirá para perguntas e respostas. Depois, é esperar que a mensagem seja difundida nas redes sociais – onde o PSD apostou forte para comunicar com os portugueses durante este fim de semana – e que a mensagem passe. Mesmo que à tarde sejam afiadas facas em Espinho com os detratores não da liderança mas da estratégia desta direção. Ou das duas. Logo se vê.