Passos não quer que o obrigem a mudar. Mas avisa: Quem não muda, morre”

Pedro Passos Coelho encerrou hoje o 36.º Congresso com um discurso para onde não entraram grande novidades mas antes o reafirmar daquilo que foi dito na sua intervenção de abertura, na sexta-feira. O líder do PSD reiterou o apelo ao PS para discutir a reforma da Segurança Social e do Sistema Eleitoral, mas fechou a…

Foi um discurso longo e escutado na primeira fila por representantes do PCP, do PS, representado por Ana Catarina Mendes, e do CDS, que levou ao conclave social-democrata uma delegação liderada por Assunção Cristas. O líder do PSD situou o seu partido na oposição (“somos um partido da oposição”) e garantiu que não tem pressa para regressar ao poder (“Não temos pressa, temos tempo”). Passos prometeu apresentar propostas (uma oposição activa) mas fechou a porta a entendimentos com António Costa, se não for o governo e o PS a aproximarem-se do seu partido. “Não nos peçam que troquemos de convicções e que passemos a ficar com o ónus daqueles que apoiam o governo”, numa referência ao PCP e ao BE.

 

E por falar em partidos da esquerda radical, o ex-primeiro-ministro, reconduzido para o quarto mandato à frente do PSD, com 95% dos votos, lembrou que a tão desejada (à esquerda) reestruturação da dívida já foi feita.  “A reestruturação técnica da dívida já foi feita em Portugal. Eu próprio conduzi essa política”. Passos lembrou que Portugal conseguiu estender as maturidades e os prazos da dívida pública “para que os nossos parceiros europeus pudessem receber o dinheiro que foram buscar para emprestar a Portugal”. E dramatizou. “Conseguimos mais anos para poder emitir nova dívida. Se não tivessemos feito teríamos de pedir um segundo resgate”.

 

O ex-chefe do governo sublinhou que o que não foi resolvido foi a questão do FMI. “Mas já sabemos que com esse não podemos resolver. Porque o FMI é um credor privilegiado em todo o mundo. Não aumenta prazos nem baixa juros. Mas não é só para Portugal. É para ninguém”, disse. Sobre o perdão da dívida, Passos Coelho lembrou que teve de “enfrentar situações que foram profundamente injustas” e que, mesmo assim, “nunca” teve de “andar a lamentar isso para poder ter um rosto mais humando”. E depois picou António Costa. “A partir do momento em que assumisse a hipótese de perdão da dívida, íamos automaticamente para um segundo resgate. Bastava a dúvida”.

 

Passoas definiu como prioridades para Portugal o ataque à recessão demográfica bem como o défice de competetividade, nomeadamente através da aplicação das medidas já aprovadas no âmbito do programa 20/20 e de uma segunda geração de reforma. O líder do PSD, que se candidatou às diretas do partido com o slogan “Social-Democracia, Sempre”, insitiu ainda na combate às desigualdades sociais. “Temos de rever pedra por pedra aquilo que são as nossas políticas públicas na área social e devemos estar preocupados em ser o grande partido da mobilidade em Portugal”.

 

Ao desafiar o PS a discutir a reforma de Segurança Social, Passos havia pedido a Costa para não se refugiar em slogans eleitorais (o PS reduziu a reforma ao corte de 600 milhões de euros e cortes nas pensões) e lembrou a volatilidade eleitoral ao defender a necessidade de um consenso alargado para a reforma do sistema eleitoral. “Hoje as pessoas votam num partido, amanhã podem votar noutro, votam naquilo em que acreditam. É a escolha dos cidadãos que conta, não é a ideologia ou o rótulo que se quer pôr na testa de cada pessoa”. 

 

Mas Passos, o líder do maior partido da oposição que tinha pedido para que não o obriguem a trocar convicções, não deixou de reconhecer que “quem não muda, e não se abre aos cidadãos e ao mundo, morre”. Passos saiu vivo e com a confiança renovada do congresso do PSD. Isso ninguém o tira.