“Parece claro que a situação do Banif foi sendo arrastada ao longo dos últimos três anos pelos diferentes intervenientes com responsabilidades políticas e de supervisão. Esta atuação foi acompanhada com especial indulgência pelas autoridades europeias, que misturaram notas de contentamento pelo ‘bom curso do ajustamento’, em público, com cartas de recomendações veladas, em privado”, afirmou o ministro.
Centeno considera que houve “falta de assertividade na condução do processo por parte do Governo e do Banco de Portugal”, o que é visível nos “sucessivos adiamentos, na incapacidade de substituir a administração do Banif e na ausência de tentativas de trazer soluções de mercado”.
Centeno tomou posse a 26 de novembro. Na intervenção inicial, mostrou desagradado face ao cenário que encontrou. “Parece que, no final, se criou uma terra de ninguém. Em que ninguém tinha capacidade para tomar decisões. Pelo menos, das que colocariam um ponto final à deterioração das condições do Banif”.
Mas o processo que levou a esse ponto foi alvo de fortes críticas. As negociações entre o governo e a Comissão Europeia decorreram em parte no período sob o programa da troika, “sem que as instituições internacionais ou o Banco de Portugal tenham tomado qualquer ação consistente com a incapacidade de o Banif reembolsar a ajuda de Estado”.
O governante critica a “passividade das autoridades portuguesas e das instituições internacionais durante um período muito prolongado”, o que esteve na “génese da deterioração do valor dos ativos do banco e da acumulação de imparidades que culminaram na resolução do banco com custos elevados para os contribuintes”.