Em conferência de imprensa, em Luanda, o governante garantiu que o que foi feito foi um pedido de apoio, que se enquadra num Programa de Financiamento Amplicado (Extended Fund Facility – EFF). Até porque, como sublinhou, a dívida pública angolana “não tem pressão” a curto prazo.
"Em função das circunstâncias, [o programa] pode trazer pacotes financeiros para apoiar as medidas de política que venham a ser implementadas", garantiu, sem, no entanto, querer falar sobre os valores do pacote financeiro.
O esclarecimento surge na sequência do anúncio feito ontem pelo FMI, que dava conta de que Angola tinha solicitado um programa de assistência para os próximos três anos.
Armando Manuel sublinhou ainda que este programa de financiamento, ao contrário dos resgates financeiros, é mais direcionado “para reformas estruturais voltadas para a diversificação económica, reforço da balança de pagamentos, com propósito cimeiro de fortalecer os pilares da sustentabilidade económica”.
Recorde-se que este pedido surge numa altura em que muito se fala da crise vivida em Angola nos últimos meses.
Impacto da crise
A falta de divisas, o corte nas importações e os salários em atraso dos médicos estão a provocar situações cada vez mais graves na área da saúde em Angola. A situação agrava-se dia após dia, com o êxodo dos técnicos de saúde cubanos que, com os ordenados em atraso, não encontram alternativa – uma situação que piora com a falta de medicamentos que se faz sentir em todas as zonas do país.
A crise financeira e cambial que se faz sentir em Angola chegou mesmo a provocar situações graves no abastecimento de produtos essenciais. Vários produtos ficaram em falta nas superfícies comerciais, registando-se situações de racionamento de artigos em alguns supermercados. De acordo com o “Expansão”, a falta de produtos como os ovos, açúcar e arroz teve a ver com problemas de abastecimento que se foram acentuando com as dificuldades em importar produtos.
Na origem do problema esteve mais uma vez a falta de divisas, que se deve à forte quebra do preço do petróleo nos mercados internacionais. De acordo com a publicação, os produtos tiveram de ser racionados para evitar tentativas de açambarcamento por parte de comerciantes que depois vendiam nas ruas a preços muito mais elevados.