Tenho 37 anos. Nos anos 80 era uma criança, mas o nome Jane Fonda habitou sempre o meu imaginário. Era a filha de Henry Fonda, a Sally de “O Regresso dos Heróis”, a Barbarella. Mas curiosamente, mais do que todos esses papéis, no meu imaginário, Jane Fonda era a mulher esguia, deslumbrante, com uma cintura de matar, que fazia ginástica vestida em licras capazes de cegar a mais sensível das vistas. E, de certa forma, essa imagem, quase acabou por anular todas as outras. Acredito que isso aconteceu comigo, como terá acontecido com tantas outras pessoas. A prova aliás, é que ainda hoje, basta referir o nome de Jane Fonda para falarem de vídeos de fitness. Foi o que aconteceu quando, esta semana, comentei com amigos que a ia entrevistar.

A própria Jane Fonda parece ser uma mulher muito bem resolvida – e consciente – em relação à imagem que os outros continuam a alimentar em relação a si. Prova disso é a maneira como assume que teve de aprender a lidar com os seus fantasmas e que teve muitas crises depressivas ao longo da vida. Mas o que foi realmente revelador foi a forma como explicou que passou de não ser muito feliz durante a grande maioria da vida, para ser extremamente feliz agora, naquilo que intitula de “terceiro ato da vida”.

A verdade é que Jane Fonda – e claro que temos de ter em conta que se trata de uma mulher que tem acesso a tudo na vida, ou pelo menos a tudo o que dinheiro pode comprar – decidiu que não queria envelhecer triste. Não queria continuar a lamentar-se. Não queria que as suas dores a definissem. Decidiu que queria ser feliz. E percebeu que, o bom, o mesmo mesmo bom da idade, é que nos permite ser felizes. Porque nos permite filtrar. E decidirmos o que faz sentido na nossa vida. E o que não faz.