Keep Cool e Santanize Lisboa!

1. Pedro Santana Lopes lá apareceu no último Congresso do PSD. Ele pode não estar aí – mas anda sempre por aqui. Faz parte da sua natureza e do seu feitio. Santana Lopes é assim: impulsivo, emocional, de rupturas suaves, mais virado para o espectáculo do que para a discrição. Ainda bem que Santana Lopes…

2. Para muitos, a proximidade de Passos Coehho e Pedro Santana Lopes é um facto político insólito. Tal análise só se poderá explicar por distração ou insuficiente conhecimento dos bastidores da política. A verdade é que o actual líder do PSD e Santana Lopes percorreram um caminho político paralelo nos últimos anos: nas directas do PSD em 2009, Santana Lopes quase ia dando a vitória a Passos Coelho e fragilizou Manuela Ferreira Leite, tendo objectivamente galgado o terreno para Passos vencer em 2010; depois, Passos Coelho nomeou Pedro Santana Lopes para a Provedoria da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e sugeriu-lhe a possibilidade de se candidatar a Belém, logo em 2012.

2.1. Pedro Santana Lopes – como aqui expliquei no SOL – era a escolha predilecta de Passos Coelho para a Presidência da República. Posteriormente, Pedro Santana Lopes foi sempre muito prudente, nunca criticando, nem nunca elogiando excessivamente o então Primeiro-Ministro. Lopes ficou a ver a “banda passar” para, sem deslocar de Passos Coelho, não dar azo a que António Costa ficasse sem margem de manobra política para o reconduzir no cargo de Provedor da Santa Casa.

3. Chegados aqui, Pedro Santana Lopes só poderia ficar ao lado de Pedro Passos Coelho no último Congresso. Foi o único – e  por conseguinte, merece o nosso elogio pela coragem e pela frontalidade. Quando Passos Coelho era Primeiro-Ministro, todos queriam aparecer na fotografia ao lado do Presidente do partido; hoje Passos Coelho é um activo tóxico para as elites sociais-democratas que adoram estar bem com o poder. Seja ele qual for. Santana subiu na nossa consideração por este gesto singelo, mas de enorme frontalidade.

4. Nós não temos dúvidas: Pedro Santana Lopes será o candidato do PSD para a Câmara Municipal de Lisboa.  O resto é conversa. Pedro Santana Lopes ficou extremamente irritado com o nosso texto, publicado em 2014, em que sugerimos que seria o candidato do PSD para Lisboa – reagindo até publicamente. Afinal, a história acaba por demonstrar o acerto da nossa previsão: ainda bem para o PSD,; ainda bem para Lisboa; ainda bem para Pedro Santana Lopes.

5. A verdade é que o PSD não tem alternativas a Lopes. Jorge Moreira da Silva? É uma pessoa muito simpática, que pensa bem – mas seria um candidato tipo Fernando Seara, isto é, para perder por muitos. José Eduardo Martins? Inteligente, mas sem fibra política – seria esmagado por Fernando Medina e por Assunção Cristas. Carlos Barbosa? Seria entregar a Câmara ao PS em bandeja dourada. Sem Santana Lopes, o PSD vai brincar nas próximas autárquicas em Lisboa – dando a Assunção Cristas a possibilidade de conquistar um resultado eleitoral exemplar na capital do país, o que a irá catapultar para as legislativas.

6. Portanto, Pedro Santana Lopes é decisivo para Pedro Passos Coelho: o líder do PSD tem de jogar tudo em Lisboa. Tem de jogar uma cartada vencedora – essa chama-se Pedro Santana Lopes. O resto é para não perder por falta de comparência. Já o escrevi há três anos. Escrevi-o há dois anos. Voltei a escrever no ano passado (sim, caro leitor, é o meu momento Henrique Neto!). Repetimo-lo hoje: Pedro Santana Lopes tem que ser o candidato do PSD a Lisboa. E Santana Lopes deve, moralmente e politicamente, esta ajudinha a Pedro Passos Coelho e a Lisboa.

7. Para Passos Coelho se “keep cool”, Santanas Lopes deve “stay calm” e “say yes”. “Yes” a Lisboa, “yes” ao PSD. “Keep cool” e “santanize” Lisboa.

joaolemosesteves@gmail.com