De acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil fixou-se nos 10,2% no primeiro trimestre de 2016.
Com a taxa de desemprego a alcançar os dois dígitos, o problema do desemprego é já um dos maiores da economia brasileira. Até porque, no final do mês de fevereiro, havia já cerca de 10 milhões de brasileiros desempregados. Um número que representa mais 10 milhões do que no mesmo período do ano anterior.
Crise obriga portugueses a abandonar o país
O Brasil vive atualmente uma das mais graves crises políticas da sua história e as consequências que se fazem sentir na economia são cada vez mais visíveis. Tanto o desemprego como a inflação continuam a aumentar e as empresas começam a redesenhar as estratégias para fazer face às dificuldades.
Armando Abreu, presidente da Câmara Brasil-Portugal no Ceará (CBPCE), explica que a situação tem piorado e que muitos portugueses já começaram a deixar o país. “Esta crise política é algo que nunca tínhamos visto antes. Está a provocar uma crise económica muito grande. A economia está completamente parada. Começaram os despedimentos e o número de desempregados continua a crescer muito”, avança, acrescentando: “Com a crise que se sentia na Europa, as pessoas procuravam o Brasil, mas agora isso já não se vê. Agora, os portugueses começam a voltar.”
Economia deverá encolher
De acordo com as projeções de vários analistas, divulgadas no início deste mês pelo banco central, a economia brasileira deverá encolher 3,73% este ano e a inflação deverá chegar aos 7,28%. Já em 2015, a economia brasileira tinha encolhido 3,8% no produto interno bruto (PIB), registando o pior resultado dos últimos 25 anos.
A recessão económica também teve reflexos no aumento do desemprego e nas taxas de juro, e agora agrava-se com a crise política provocada pela situação da presidente brasileira, Dilma Rousseff.
Preços já tinham aumentado
Em janeiro foi anunciado um novo agravamento da chamada cesta básica na maioria das cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, este conjunto de alimentos – que inclui carne, arroz, leite, farinha, batata, tomate, pão e fruta, entre outros – aumentou 12,6%, principalmente pelo elevado preço do tomate, da batata e da banana.
De acordo com uma análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconómicos (DIEESE), um trabalhador que viva naquela cidade precisava, no início deste ano, de trabalhar 112 horas e um minuto, em média, com base no ordenado mínimo nacional de 800 reais (183 euros), para comprar os alimentos da cesta básica. São quase três semanas de trabalho num mês. Segundo o DIEESE, o salário mínimo teria de ser quatro vezes superior ao atual para que uma família de quatro pessoas pudesse fazer face ao aumento no preço dos alimentos e a outros tipos de despesas.