Os constantes ataques que esta semana ocorreram em Alepo, a mais populosa cidade da Síria, acalmaram na noite de quinta para sexta-feira. E quando a população pensava que teria finalmente paz, voltaram em força.
Um dia depois de um ataque aéreo a um hospital apoiado pelos Médicos sem Fronteiras ter tirado a vida a pelo menos 50 pessoas, segundo dados da mesma organização, os ataques continuam e desta vez atingiram uma clínica. Pouco antes, os rebeldes haviam alvejado uma mesquita, tendo provocado a morte a pelo menos 15 pessoas.
Os dados avançados pelo OSDH são alarmantes: os bombardeamentos em áreas controladas por rebeldes mataram esta semana 123 civis, incluindo 18 crianças. Oito civis perderam a vida num ataque do governo contra áreas da cidade que não estão sob o seu controlo. A resposta dos rebeldes matou 71 pessoas.
Com esta onda de ataques, o cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos e pela Rússia e que está em vigor desde 27 de fevereiro pode estar em risco. Preocupado, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, pediu a rápida intervenção dos dois países para que o cessar-fogo não entre em «colapso total» e apelou a uma nova ronda de conversações de paz no próximo mês. «Faço um pedido à Rússia e aos Estados Unidos para que tomem uma iniciativa urgente para relançar a trégua que, por enquanto, está em perigo», disse. «O cessar-fogo continua vivo mas está em grande perigo. Nas últimas 48 horas, morre um sírio a cada 25 minutos», acrescentou. «Quanto tempo eles vão lutar? Eles estão a destruir as suas pessoas e as suas infraestruturas», lamentou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.
A preocupação chega a todas as partes, com o Comité Internacional da Cruz Vermelha a avançar que a cidade está «às portas de um desastre humanitário».
O secretário-geral dos Estados Unidos acusou o regime de Bashar Al-Assad e pediu ajuda à Rússia para que use a sua forte relação com o país para que Assad deixe de violar o cessar-fogo.
Durante o dia de ontem, os militares anunciaram um «regime de calma» que terá início hoje. Em regiões como Damasco e Ghouta, terá a duração de 24 horas. Em Latakia o regime será de 72 horas. Alepo não faz parte deste regime e possivelmente continuará a haver ataques.