A diligência tem como base as denúncias (delação premiada) do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), preso em novembro de 2015 por estar envolvido nos crimes investigados pela Operação Lava Jato. Em fevereiro deste ano, o ex-líder do governo PT no Senado fez delação e foi solto.
Nas suas declarações à justiça brasileira, o senador afirmou que Aécio Neves atuou para maquilhar dados do Banco Rural na CPI dos Correios. Além disso, o delator também disse ter ouvido que Neves mantém conta no paraíso fiscal do Liechtenstein.
Delcídio Amaral afirmou, também em relação a Aécio, que “sem dúvida” o presidente nacional do PSDB recebeu dinheiros num esquema de corrupção na estatal de energia Furnas que, segundo o delator, era semelhante ao da Petrobras, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras.
O senador tem experiência no setor elétrico, conhece o ex-diretor de engenharia de Furnas Dimas Toledo, apontado como o responsável pelo esquema de corrupção, e disse ter ouvido do próprio ex–presidente Lula, numa viagem em 2005, que Aécio o teria procurado pedindo que Toledo continuasse na estatal.
Delcídio também ligou o presidente da Câmara à Furnas, dizendo: “Eduardo Cunha tinha comando absoluto da empresa, acredito que ele tenha recebido vantagens ilícitas.”
“Em relação à Furnas, Dilma teve praticamente que fazer uma intervenção na empresa para cessar as práticas ilícitas, pois existiam muitas notícias de negócios suspeitos e ilegalidade na gestão da empresa; ao que parece, “a coisa passou da conta”; atualmente, na Furnas praticamente toda a diretoria é da confiança de Dilma Rousseff e passou a ser apenas técnica, e não envolvida no esquema de corrupção.
Caso o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki determine a abertura dos inquéritos, Aécio passará a ser oficialmente investigado no desdobramento da Operação Lava Jato. São duas linhas de investigação contra o senador: uma, a suspeita do recebimento de dinheiro da elétrica, dado pela Furnas, e, outra, a acusação de que maquilhou os dados do Banco Rural para esconder o mensalão [financiamento ilícito do partido da oposição por empresas privadas] do PSDB.
O caso do líder do processo de destituição da presidente Dilma Rousseff ainda é mais paradigmático. Eduardo Cunha é réu num processo por corrupção e lavagem de dinheiro, alvo de seis inquéritos e de um pedido de afastamento formal pela Procuradoria-Geral da República, além de um processo por quebra de decoro no conselho de ética. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem demonstrando uma espantosa capacidade para se manter agarrado ao cargo – graças a uma mistura de manobras regimentais, solidariedade de aliados e indecisão do judiciário.
Esse caldo é percetível particularmente no processo por quebra de decoro que se arrasta no conselho de ética da Câmara. A ação já atingiu uma marca histórica: é a mais demorada desde a criação desse conselho, em 2001, tendo superado 170 dias corridos sem que seja possível prever a data do seu desfecho.
No meio desta corrupção toda, já circula no parlamento brasileiro que se devem amnistiar os implicados na Lava Jato, depois da queda do PT.