Todas as crianças vão passar a ser chamadas para rastreio da saúde visual pelos centros de saúde pelo menos duas vezes até completarem cinco anos. Um despacho publicado esta semana revela que o Serviço Nacional de Saúde vai implementar um rastreio de base populacional para avaliação da saúde visual infantil. As crianças serão chamadas para uma primeira avaliação aos dois anos de idade e, para uma segunda, entre os quatro e cinco anos. Caso tenham algum problema, serão encaminhadas para uma consulta de oftalmologia no hospital. E a espera não poderá ser de meses como acontece quase sempre nesta especialidade a menos se que se trate de um problema urgente: os hospitais terão de dar resposta a estes casos em quatro semanas.
O diploma avança que esta nova oferta do Serviço Nacional de Saúde vai começar a ser testada em experiências-piloto na região Norte, em centros de saúde do Porto, Gondomar, Maia e Valongo e nos hospitais de S. João e Santo António.
Até novembro os serviços têm de ter tudo organizado para começar a chamar todas as crianças de dois anos. Uma preocupação central será o despiste precoce da ambliopia, o chamado “olho preguiçoso”. Esta condição aumenta o risco de perda visual no outro olho se não for devidamente acompanhada.
O diploma reforça os cuidados em torno da saúde visual no Serviço Nacional de Saúde, com o governo a sublinhar que “expandir e melhorar a capacidade da rede dos cuidados de saúde primários” passa também pela ampliação da cobertura do SNS na área da saúde visual.
Além da atenção dirigida às crianças, haverá um reforço do despiste da Degenerescência Macular da Idade (DMI), em particular nos diabéticos, que têm maior risco de desenvolver esta condição que pode levar à cegueira. Os utentes serão chamados aos centros de saúde para rastreio e, caso este dê positivo, serão também encaminhados para consulta oftalmologia no SNS num centro de referência num prazo de quatro semanas.
A oftalmologia é das áreas em que os hospitais têm maiores listas de espera para consulta. Os dados disponíveis no Portal do SNS revelam que em doentes com prioridade normal, a espera chega a ser de765 dias no Hospital de Seia que pertence à Unidade Local de Saúde da Guarda. São mais de dois anos. Os hospitais de Chaves, Covilhã, Barreiro-Montijo, Loures, Santarém, Caldas da Rainha, Alcobaça, Leiria, Pombal e Águeda têm todos mais de um ano de espera.