O anúncio foi feito pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. «Como parte dos nossos esforços para reverter a escalada de violência na Síria e reafirmar a cessação das hostilidades em todo o país, os Estados Unidos e a Rússia concluíram acordos ontem à noite [terça-feira] para estender este esforço para a província de Alepo, incluindo a cidade de Alepo e os seus arredores», anunciou Washington em comunicado.
Nesse dia, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, alertava para as graves consequências caso os ataques não terminassem. «A alternativa é verdadeiramente catastrófica porque poderemos assistir à deslocação de 400 mil pessoas em direção à fronteira da Turquia», disse Mistura.
Deslocação essa que já começou a acontecer. O aumento da violência em Alepo levou, esta semana, cerca de 64 mil sírios à fronteira com a Jordânia.
Apesar do cessar-fogo, os ataques continuam. Na quinta-feira, um ataque aéreo contra um campo de refugiados em Idlib provocou a morte a pelo menos 28 pessoas. Muitos dos que vivem nesse campo fugiram de Alepo. Stephen O’Brien, chefe para os Assuntos Humanitários da ONU, confessou estar horrorizado com o ataque e pediu que fosse feita uma investigação independente. «Se esse ataque obsceno se confirmar como uma agressão intencional a instalações civis, poderá ser considerado um crime de guerra», disse.
Ainda não se sabe quem foi o responsável pelo ataque. A agência de notícias Shahba Press – que apoia os rebeldes – garante que os responsáveis foram os aviões do regime de Bashar Al-Assad.
Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca, avançou que «não há justificação possível» para o ataque que atingiu civis inocentes. Ainda assim alertou que ainda é cedo apontar a responsabilidade às forças do Governo. Já o Reino Unido não partilha da mesma opinião. «O desprezo do regime [de Assad] para os esforços para restaurar a cessação de hostilidades na Síria é claro para todos verem», acusou o ministro britânico do Exterior, Philip Hammond.Os ataques em Alepo intensificaram-se há duas semanas e, segundo o OSDH, já morreram mais de 300 pessoas.
As constantes violações ao cessar-fogo em toda a Síria suspenderam as negociações de paz para o país.