Processe-me, Super-Mário Nogueira, processe-me!

Dizia-se que a personagem de jogos electrónicos desenvolvidos pela Nintendo intitulada “Super-Mário” foi influenciada pela memória histórica de Estaline. O Super-Mário é, aliás, a única referência simpática e fofinha que temos do comunismo na história da humanidade: obrigado, Nintendo. Enfim, o Super-Mário seria uma espécie de Estaline bom, não lunático, não criminoso, à caça de…

O jogo da Nintendo transmite-nos, pois, a ideia de que, afinal, pode haver comunistas dedicados à causa pública, à defesa dos direitos dos cidadãos – e que repudiam a violência como arma política e renunciam à defesa dos seus interesses estritamente pessoais e de grupo . Que conseguem pensar para além da defesa do seu “umbigo”. 

Em Portugal, infelizmente, o Super-Mário – o Mário comunista dedicado à defesa de interesses colectivos, promovendo a prossecução do interesse público – não passa de uma recordação de um videojogo que marcou a nossa infância. O “Super-Mário” comunista cá do burgo é identificado com Mário Nogueira – o homem que mais danos causou à educação portuguesa nos últimos trinta anos.

 O nosso “Super-Mário” da FENPROF personifica os limites do regime democrático ou, se preferirmos, o paradoxo da democracia: uma figura irrelevante, de quarto plano como é (e sempre foi) Mário Nogueira, conseguiu condicionar, influenciar e muitas vezes subverter a paz social e a eficiência e qualidade da educação ministrado aos nossos alunos.  Os Governos passam – Mário Nogueira fica. O mundo muda – Mário Nogueira continua. Gerações de alunos sucedem-se – Mário Nogueira continua. Gerações de Professores passam – Mário Nogueira continua.  Portugal passa por sucessivas bancarrotas – Mário Nogueira continua.

Mário Nogueira é, pois, uma espécie de “Oliveira Salazar” (sem querer ofender o Professor de  Direito de Coimbra!) da FENPROF. As eleições na FENPROF (apostamos!) devem ser tão livres como na livre União Soviética: os afiliados na FENPROF podem votar, podem falar livremente – desde que não contrariem o Super-Mário Nogueira.

O mais grave é que, volvidos tantos anos, o Super-Mário Nogueira ganhou a batalha. Graças à ambição desmedida e cega pelo poder de António Costa,  o PCP conseguiu chegar ao poder formal – e aí ficará até reforçar as suas forças sindicais estruturantes, como é o caso da FENPROF (para além da educação, a aposta forte dos comunistas é no sector dos transportes). No fundo, António Costa celebrou um contrato de transacção com os comunistas – “nós cedemos o interesse dos portugueses e damos-vos o controlo da educação e dos transportes para gerirem os vossos “interesses de classe”; em troca, os senhores comunistas apoiam o PS a manter o poder e os lugares-chave do Estado”.

É um negócio político como qualquer outro. Quem ganha? PS e PCP, sobretudo as suas clientelas. Quem perde? Portugal e, naturalmente, todos os portugueses , presentes e futuros. As nossas crianças que já entraram – ou estão prestes a entrar – no sistema de ensino pagarão (infelizmente) a factura. Não nos iludamos: tudo o que fizermos hoje – por acção e por omissão – terá consequências brutais amanhã.

Neste contexto, o Super-Mário Nogueira está a aproveitar-se de uma situação que seria inverosímil até há bem pouco tempo: a fragilidade política, a ingenuidade, a falta de preparação, a fidelidade cega e acrítica do Ministro da Educação (e de toda a sua equipa!) a António Costa, para se converter no verdadeiro DDT – o “Dono Daquilo Tudo”. Daquilo que é tão-só o mais importante vector de desenvolvimento estratégico ( económico e social) de Portugal: a educação. Sem educação  (melhor: sem educação de qualidade), Portugal não tem futuro. E uma educação de qualidade implica um sistema público exigente, com professoras de grande mérito e conhecimentos científicos e pedagógicas e uma gestão centrada no aluno e nas necessidades. O ponto relevante não é, assim, saber se a escola é pública ou privada – é saber se a escola é de qualidade ou não.

Não interessa se a Escola é gerida pelo Estado ou  por privados ou quantos professores serão despedidos. O despedimento dos professores é mais uma consequência da geringonça  na educação– não a causa. O que é verdadeiramente importante é garantir o direito a todos os pais de oferecerem aos seus filhos  a melhor educação ao seu alcance. Ou seja:  compete ao Estado assegurar a igualdade de oportunidades. Não a pensar no emprego do Mário Nogueira ou nos interesses políticos dos socialistas – a pensar no direito individual de cada um desenvolver ao máximo as suas capacidades cognitivas, cívicas e de “cidadão do mundo”. Não há acto mais patriótico do que tudo fazermos para que a geração seguinte seja ainda ainda melhor que a nossa. O triunfo dos nossos jovens, das nossas crianças será, sempre, o triunfo de Portugal.

É inacreditável como o fanatismo do Ministro da Educação e da sua equipa tomaram de assalto a 5 de Outubro. É assim que funciona a geringonça: faz-se um frete à FENPROF para agradar aos comunistas na educação – para depois, o PS se afastar do PCP nas questões orçamentais. Assim se brinca com o futuro dos portugueses. Lastimável.

O único que ganha é Mário Nogueira que assim tem emprego garantido para os próximos anos: conseguiu chegar a Ministro da Educação oficioso do Governo de António Costa.  Que é o mesmo que dizer que, em Portugal, o Ministério da Educação foi extinto: deu lugar ao Ministério dos sindicalizados da FENPROF. Para onde caminhamos?

Uma nota final para elogiar a combatividade e a firme com que Passos Coelho e Assunção Cristas têm tentado esbarrar a deriva de fanatismo ideológico a que temos assistido na educação. Há que prosseguir, sem cedências, nem hesitações, a denúncia do PREC na educação portuguesa.

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