Quando há meses o mercado determinou a subida do preço dos combustíveis, o Governo prometeu baixar a taxa de imposto aplicável caso ocorresse uma contracção do preço no mercado. Para quê? Para que a descida do preço dos combustíveis fosse sentida pelos consumidores portugueses. Até aqui, nada a obstar: não obstante assumirmos uma posição muito céptica quanto à definição de preços de produtos pelo Governo, a verdade é que o sector dos combustíveis tem sido particularmente bafejado pela sorte. Em prejuízo dos consumidores, trabalhadores e empresários portugueses. Temos defendido que uma intervenção mais efectiva do Estado na regulamentação dos preços dos combustíveis peca por tardia.
Contudo, o Governo da geringonça (com beneplácito directo de António Costa) já estava pronto para recuar na palavra dada, que raramente é honrada por estes dias. A pressão mediática – e dos partidos da oposição, PSD e CDS – levaram Costa a recuar e a exercer os seus reconhecidos dotes de político habilidoso. Afinal, o Governo vai mesmo descer o preço dos combustíveis: através de portaria publicada hoje no Diário da República, os combustíveis descem…um cêntimo! Agora, sim: os portugueses e os consumidores podem respirar de alívio! Agora, sim, os empresários terão mais capital disponível que poderão alocar a investimentos, em detrimento de amortizar despesas com combustíveis!
Enfim, a explicação política desta (mais uma!) medida ridícula de António Costa é deveras elementar: o custo político associado à necessidade de explicar o não cumprimento da promessa feita, ferindo a sua credibilidade política em momento tão precoce da sua (muito frágil!) legislatura, seria bem superior à descida de um cêntimo no preço dos combustíveis. Para não dar explicações aos portugueses – António Costa desceu um cêntimo. Para todos os efeitos, desceu…É, pois, mais uma fraude política. Com claros fins eleitorais e de gestão política de expectativas.
Assim vai a geringonça. Já agora: e Mário Centeno? Onde anda ele? Este Ministro das Finanças tem menos peso no Governo do que o Secretário de Estado do Desporto…Impressionante e preocupante.
Tudo dito e ponderado, a descida de um cêntimo até se explica pela natureza e valor deste Governo: ele próprio não vale um cêntimo. E vai custar milhões de cêntimos e euros aos portugueses.