Benfica de Rui Vitória não foi um Ferrari – foi um Lamborghini!

E eis que, não obstante todas as tristezas política que vão sucedendo em Portugal dia após dia, eis que as boas notícias desportivas estão de regresso: o Benfica é tricampeão, o que não sucedia desde 1977. É obra! E uma enorme alegria para Portugal: o Benfica é, mais do que um clube, uma instituição nacional.…

Com esta asserção (de realismo puro!), não pretendemos menorizar os adversários do Glorioso: Futebol Clube do Porto e Sporting Club de Portugal são dois clubes de grande dimensão e que, à sua maneira, têm contribuído para o triunfo do futebol português.

Mas como já escrevemos (artigo disponível no livro que publicámos há meses “Margem Direita), o Sporting é um colégio de topo local; o Porto é uma Nação; o Benfica é um Império. Um Império de espírito, de vitórias, de êxitos desportivos. E o Benfica é um factor de inclusão social: cidadãos de todas as origens sociais, de todas as idades, de todas as profissões – unidos na alegria dos triunfos do Glorioso. Um feito extraordinário! Um momento sempre único – sem paralelo em Portugal!

Goste-se ou não de admitir, o Benfica é muito mais do que um clube de futebol: é, para além de tudo o resto que já assinalámos, um importantíssimo instrumento de política externa. O Glorioso tem feito mais pelo incremento das relações lusófonas, pela união dos nossos países irmãos da África lusófona – do que medidas muito eruditas e burocráticas dos nossos políticos, às quais falta visão estratégica para dar o (mais que necessário!) impulso estratégico (e vital) da nossa diplomacia.

A vitória deste ano tem um especial significado: primeiro, porque foi conquistado com muito suor na última jornada do campeonato. Segundo, foi conquistado contra a opinião da larga maioria dos comentadores e especialistas da “bola” (os quais já tinham encomendado as fiaxas de campeão para o Sporting de Jesus). Terceiro, porque Rui Vitória mostrou que as vitórias no futebol são conquistadas com competência, trabalho árduo, honesto e sério. Quarto, porque Rui Vitória foi o verdadeiro “cérebro”: não abdicando de nenhuma competição, orgulhando o Benfica e Portugal na Liga dos Campeões, o Benfica de Vitória mostrou que ser ambicioso compensa. Que os verdadeiros campeões não têm de ser comezinhos nas suas ambições…Nem podem ter medo de afirmar a sua grandeza!

Por todas estas razões, podemos concluir que Jorge Jesus tinha razão: o Benfica de Vitória não era um Ferrari. Era – foi! – um Lamborghini topo de gama. No Benfica de Vitória, não há “eu”, “eu, o cérebro”, o “eu, o sabichão”: há “nós, “ nossa equipa”, “nosso clube”. E pluribus unum. Uma lição de humildade para Jorge Jesus.

Não podemos terminar a presente prosa sem formular a seguinte questão: “ afinal, o que ganhou Jorge Jesus esta época? Bola…Bola….”.