“É sabido que trabalharmos mais horas, não significa trabalharmos melhor. Os resultados do Barómetro refletem isso mesmo: apenas 6% dos inquiridos apontam questões urgentes como causa para o trabalho extraordinário. Isto significa que o tecido empresarial português tem uma enorme margem de progressão para melhorar processos que terão reflexos em ganhos de eficiência e no negócio”, revela António Costa, Senior Partner do Kaizen Institute Western Europe.
Outra das conclusões deste barómetro é que a redução da carga horária no setor privado é encarada como negativa por 72% dos inquiridos e que a mesma pode diminuir a competitividade das empresas. Apenas 28% encara esta alteração como positiva, estando 20% convictos de que os colaboradores seriam mais produtivos face a uma redução da carga horária.
Um relatório da OCDE revela que a incerteza do mercado laboral nacional é bem superior à média, com os portugueses a enfrentarem uma probabilidade de 8,6% de perderem o seu emprego, uma probabilidade que supera aos 5,4 da média da OCDE. A maioria dos inquiridos (70%) no Barómetro Kaizen refere que são dados preocupantes e que a estabilidade é crucial para o bem-estar profissional dos colaboradores e para o negócio de qualquer empresa.
Já para Adelaide Martins, diretora de recursos humanos da Ascendi, considera que, neste contexto a mobilidade funcional e a rotação laboral não serão preocupantes se configurarem uma “rotação saudável”, ou seja, a possibilidade de iniciar um novo ciclo num curto espaço de tempo, dando continuidade à capacitação e qualificação contínuas, numa perspetiva de aprendizagem ao longo da vida, que pode ser transversal.
De acordo com a responsável, “ tão importante como o número de horas suplementares trabalhadas ou a reposição das 35 horas semanais, é saber como atingir resultados e cumprir objetivos, com eficácia e eficiência, com sistemas e ferramentas de apoio à gestão, ou seja, como aumentar a produtividade”. Segundo Adelaide Martins, esta pressupõe capacidade de liderança e de pensar estrategicamente, de motivar e promover a felicidade, ou mesmo a espiritualidade, nas organizações.
No que diz respeito ao atual nível de motivação dos trabalhadores nacionais numa escala de 0 a 20 o índice está neste momento nos 12,5, valor que tem vindo a subir semestre após semestre embora de forma muito gradual. Outro indicador otimista está relacionado com a evolução do emprego em Portugal para este ano onde 88% dos inquiridos do barómetro Kaizen de recursos humanos acredita que se irá assistir a uma estabilização ou mesmo diminuição da taxa de desemprego.