Ora, este PS geneticamente europeísta anda agora de braço dado com o PCP de Jerónimo de Sousa, que proclama, dia sim dia não, que «a adesão ao euro foi um desastre e a permanência é um desastre ainda maior». E leva agarrada ao outro braço uma parceira, Catarina Martins do BE, que afirma que «o euro não serve a economia, mas a destrói», que o país deve «rejeitar a chantagem europeia da dívida».
O PS lá saberá as companhias que escolhe e até que ponto elas descaraterizam a sua matriz política. Mas, para lá disso, cabe perguntar: afinal, que países e que modelo de sociedade contrapõem, o BE e o PCP, à ameaçadora União Europeia, à terrível Alemanha, à exploradora Inglaterra, à insidiosa França, à pérfida Espanha? Será a China, Cuba, a Venezuela, o Butão?
Temos um PCP que se engasga sempre que tem de falar da aberrante Coreia do Norte, que é incapaz de criticar a violação dos direitos humanos e as prisões de opositores do regime seja em Cuba ou em Angola, que vive na nostalgia do império soviético e ainda vê a queda do muro de Berlim como uma derrota.
E temos um BE que foi descartando todas as suas incómodas raízes, do totalitarismo trotsquista da LCI e do PSR ao maoísmo pró-albanês da UDP, passando pelo comunismo terceiro-mundista da Política XXI. O BE deita borda fora qualquer amizade politicamente desconfortável, seja o decrépito castrismo em Cuba, o poder totalitário do MPLA, o demencial chavismo na Venezuela e até o renegado Tsipras na Grécia. O modelo de sociedade que o BE nos propõe é, hoje, uma conveniente folha em branco.
Com parceiros deste jaez, de origens antidemocráticas e formação política anti-europeia, António Costa não deve estranhar que muitos chefes de Estado e de Governo o olhem de lado quando se senta nas reuniões do Conselho Europeu em Bruxelas. Alexis Tsipras já passou pelo mesmo.
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