Isaltino, que deixou a presidência da Câmara para cumprir uma pena de prisão, diz ao SOL que desconhece esse movimento de apoio, mas reconhece que tem sido desafiado a voltar a candidatar-se. “Ando na rua e as pessoas falam-me. Eu encolho os ombros. É gratificante as pessoas reconhecerem o meu trabalho, mas isso eu nem preciso de perguntar aos oeirenses. Sei que os oeirenses gostam de mim”.
Isaltino garante, porém, que, “neste momento”, não está no seu “horizonte” regressar à política ativa. Mas também não se coloca fora da corrida: “Não digo nem sim, nem não, nem ´nim´. Neste momento estou empenhado noutros projetos. Toda a gente gosta de lançar os nomes para a arena mas neste momento não estou nessa”, diz o ex-autarca.
Um duelo entre ex-amigos
Se avançar com uma candidatura – e entre os seus apoiantes há quem garanta que “há 90% de hipóteses de isso acontecer” -, Isaltino terá como adversário o seu antigo número dois Paulo Vistas. O atual presidente da câmara de Oeiras subiu a número 1 quando Isaltino foi preso e ganhou as eleições em 2013 à frente do movimento independente Isaltino – Oeiras Mais à Frente com 33,45% dos votos. Um resultado mais fraco daquele que Isaltino tinha conseguido quatro anos antes, já que o ex-militante do PSD conseguiu ultrapassar os 40%. Os dois entraram em rutura e os mais próximos de Isaltino não têm dúvida que existe “um grande descontentamento com a atual gestão da Câmara”. Há também quem garanta que Paulo Vistas fez questão de “afastar todos os apoiantes de Isaltino”.
O ex-presidente da Câmara de Oeiras, que cumpriu 427 dias de prisão e foi libertado em Junho de 2014, prefere não comentar a gestão do seu vice-presidente: “Não faço comentários. Nunca comentei a situação da Câmara Municipal de Oeiras”.
Paulo Vistas negoceia apoio do PSD
Certo é que Paulo Vistas está a preparar a sua recandidatura e desta vez não descarta a hipótese de concorrer com o apoio do PSD. Tem havido conversas entre o autarca e os sociais-democratas. O objetivo seria voltar a concorrer como independente, mas com o apoio do PSD que há quatro anos conseguiu quase 20% dos votos. Carlos Carreiras, coordenador autárquico do PS, contactado pelo SOL, prefere não fazer nenhum comentário.
Da prisão à ‘ressurreição’
Desde que saiu da prisão, Isaltino Morais, que durante anos foi visto como o autarca modelo pelo PSD, escreveu um livro chamado A minha prisão e deu várias entrevistas.
Numa conversa com o apresentador Manuel Luís Goucha, este mês, na TVI, Isaltino reconheceu que “os primeiros dias” foram “terríveis” e contou que ficou surpreendido com o seu aspeto físico quando regressou a casa com menos vinte quilos. “Quando cheguei a casa e me vi ao espelho não me reconhecia. Não tinha a noção da magreza”.
Ao Diário Económico, em agosto de 2015, o ex-militante do PSD garantiu que saiu da prisão “um homem ainda melhor até porque só os homens bons podem melhorar. Os maus nunca têm cura”. O regresso à política é um assunto presente em todas as entrevistas. Isaltino, que atualmente tem um escritório de consultoria na área do ambiente, prefere, para já, afastar essa hipótese. Mas, quando o Diário Económico lhe perguntou se estava politicamente morto a resposta não podia ter sido mais esclarecedora: “A morte, em política, é um ato de purificação. E a ressurreição é sempre um estádio mais elevado”.