Fenómeno que só pode exponenciar-se nesta edição da Feira do Livro de Lisboa, que começou esta quinta-feira e se prolonga até 13 de junho, no habitual Parque Eduardo VII, já que 86 anos depois da primeira edição, em 1930, a Feira do Livro renasce numa nova versão 2.0. Uma das grandes novidades desta edição é a aplicação para Android e iOS, que há de ser lançada nos próximos dias, onde poderá ser consultada toda a programação, o mapa da feira e – vamos lá ao que interessa mesmo – a lista de todos os livros do dia e em promoção.
Falando em promoções, repete-se nesta edição a famosa Hora H, a última hora de feira (das 22h00 às 23h00) de segunda a quinta-feira, em que é possível comprar livros fora dos 18 meses do preço fixo, com o mínimo de 50% de desconto nos pavilhões dos participantes aderentes. Coisa que pode ser bom aproveitar tendo em conta que esta será a maior edição de sempre da Feira do Livro de Lisboa, com 123 participantes, dez deles novos, 277 pavilhões, mais seis do que no ano passado, e perto de 600 editoras e chancelas.
À 86.a edição, a Feira do Livro é já uma instituição, programa obrigatório nem que seja para um final de tarde apenas para os lisboetas. O ritual não morreu afinal, prova disso é o crescimento que tem tido a feira depois das renovações que têm vindo a ser feitas nos últimos anos, sublinha Bruno Pacheco, secretário-geral da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), responsável pela organização da Feira do Livro, que acrescenta:«A nossa ambição é voltar a ultrapassar o meio milhão de visitantes este ano.»
Para isso, prossegue, é fundamental o investimento que tem sido feito em novas funcionalidades e equipamentos, da aplicação para smartphone que será lançada este ano ou da aposta em espaços de restauração mais confortáveis e diferenciados. A propósito, este ano há várias novidades nesse campo, com os brigadeiros Brigadoce – Brigadeiros, Piadinas, os Pregos na Casquinha, onde se come, por exemplo, prego de pato, o Cru, especializado em comida 100% bio, os hambúrgueres de touro Trinkaki ou os doces de ovos de Aveiro Tripa on Wheels. «Um dado curioso que cada vez mais pessoas vão à feira em família, a Feira do Livro é cada vez mais um programa familiar também», nota o secretário-geral da APEL que faz questão de destacar o Acampar com Histórias, que integrou a programação infantil no ano passado e se repete nesta edição, em mais dias, nas noites de 27 e 28 de maio e de 3, 4, 9, 10, 11 e 12 de junho, e que ao fim de uma semana de inscrições tinha já preenchidas metade das vagas. Nestas oito noites, grupos de 20 crianças entre os 8 e os 10 anos terão a oportunidade de acampar na Estufa Fria, com contadores de histórias, autores, ilustradores e várias surpresas.
Talvez um dos pontos altos da programação. Mas a Feira do Livro não é só para crianças. «Temos também o habitual cliente que preparou a sua lista de livros o ano inteiro e que vai lá para comprar objetivamente aqueles livros que guardou para aquele momento – há algo muito importante que dizemos todos os anos: a Feira do Livro é muito importante para que possam ser encontrados alguns livros que durante o resto do ano, ou antes ou depois, não são fáceis de se encontrar numa livraria. Publica-se bastantes livros e m Portugal e o espaço em livraria é limitado, portanto isto é uma segunda vida para alguns livros que veem na feira a possibilidade de poder estar expostos ao público novamente. E isto é muito importante para os editores», afirma Bruno Pacheco, que destaca ainda a importância das visitas de editores alemães e ingleses que estão previstas – «fazem questão de vir para conhecer aquilo que fazemos e para estabelecer relações com editores portugueses» – e ainda do presidente da associação de editores austríaca, o que «acontece porque a Feira do Livro de Lisboa é cada vez mais a nível internacional reconhecida como uma das melhores feiras para o público ao ar livre». Mudam-se os tempos mas há coisas que não mudam. E 86 anos depois da primeira edição, o ritual de ir à Feira do Livro e descer o Parque em esforço com o peso dos livros continua a fazer sentido. Em 1930 ou em 2016, todos os anos são um bom ano para mais uma Feira do Livro.