Com que idade começou a dar os primeiros pontapés na bola?
Aos três anos, em Corroios, onde o meu irmão ia treinar. Eu ia com ele e jogava com os rapazes de sete anos.
Foi amor ao primeiro golo?
Sim, foi (Risos). Nunca mais parei de jogar.
Tem algum ídolo ou jogador de referência dentro e fora das quatro linhas?
O Cristiano Ronaldo, devido à ambição que tem e tudo o que teve de lutar para conquistar tudo o que tem.
Começou por jogar no Corroios, depois passou pelo Barreirense e completou a formação nos escalões mais jovens com passagens pelo Belenenses e Sporting. Hoje, já com 16 anos, veste a camisola do Mónaco. O que o levou a emigrar?
Tive muitos clubes interessados, mas de todas as propostas que recebi, a do Mónaco pareceu-me a mais indicada para mim. Tinham o melhor projeto desportivo.
E os estudos, como ficaram?
Tive de parar este ano a escola porque não sabia falar francês. Fiquei pelo 10.º ano.
Mas pensa voltar a estudar?
Neste momento acho que não. Estou focado no futebol a 100% porque é isto que quero para a minha vida.
Quando partiu com a comitiva portuguesa de sub-17 para o Azerbaijão achava que era possível vencer o Europeu?
Entre nós, sabíamos que como equipa podíamos conquistar tudo. E foi isso que aconteceu. Desde o início fomos indo jogo a jogo, mas sempre com a ambição de chegar o mais longe possível no Europeu. Sempre acreditámos que era possível.
Que sentimento o selecionador Hélio Sousa vos transmitiu?
Para irmos com calma, um jogo de cada vez, dando sempre o nosso melhor. Se possível, vencendo.
Depois do primeiro lugar na fase de grupos e as vitórias nos quartos-de-final e nas ‘meias’ frente à Áustria e Holanda, acreditaram que era possível sonhar?
Desde que entrámos no Europeu que sabíamos que era possível sonhar. Não foi nenhuma surpresa, estávamos confiantes. O nosso lema é a união. Representamos uma mão fechada, que não deixa espaços entre os dedos. Fomos sempre uma equipa muito unida. Isso foi a chave da nossa conquista.
Até ao jogo do título, Portugal não sofreu qualquer golo. Como defesa, qual considera ser o segredo para esta muralha defensiva?
A primeira defesa é o ataque. Com a equipa toda unida a defender e a atacar, num todo, o mérito passa a ser de todos e não só dos defesas.
Na final venceram a Espanha nos penáltis (5-4). Consegue explicar o que sentiu?
É inexplicável. Foi o realizar de um sonho. Nós nem estávamos a acreditar quando o jogo acabou. Fizemos uma grande festa no balneário.
Qual foi o momento mais marcante em toda a prova? Aquele que pode ter sido o momento chave para este feito?
Acho que foi o início da competição, devido à convicção com que entrámos logo no primeiro jogo [5-0 ao Azerbaijão]. Lutámos três anos para chegar ao Europeu.
E qual foi o segredo do sucesso?
Sem dúvida a união. Sabíamos que o colega do lado era capaz de dar a vida por nós, tal como o faríamos por ele.
Ficou patente a qualidade do futebol português?
Sim, conseguimos mostrar que se trabalha bem em Portugal.
À chegada a Portugal, tiveram centenas de pessoas à vossa espera no aeroporto, onde se cantou o hino nacional a plenos pulmões.
Foi um sentimento único. Não estávamos à espera de tanto apoio. Foi bom sentir que os portugueses gostaram do nosso trabalho. Sentimos que valeu a pena.
E ainda foram recebidos com pompa e circunstância pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. É um momento que nunca vão esquecer?
Ficámos muito honrados pelas palavras que nos disse. Sentimos que ele viveu a vitória connosco e acreditou muito em nós. Queremos continuar a dar-lhe alegrias e voltar a Belém o mais depressa possível.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que esta era a nova ‘geração de ouro’. Concorda?
Acho que Portugal tem tido várias gerações de ouro, mas é claro que acreditamos que podemos vir a marcar a diferença. Queremos que nos recordem como a equipa que tornou possível o sonho de muitos portugueses.
A seleção Nacional, que vai jogar o Euro 2016, pode olhar para vocês como um exemplo?
É uma pergunta difícil (risos). Eu gostava que eles também vencessem o Europeu. Se nos vissem como um exemplo para o conseguir, então era ótimo. De certa forma, nós demos tudo por eles, que também são portugueses. Era muito bom para o país que nos conseguissem imitar. Eles que façam como nós e deem tudo pela camisola.