O maior inquérito de sempre feito em Portugal junto de jovens de 18 anos revela que os comportamentos de risco estão longe de ser um problema menor. Dois terços (63%) admitiram já terem tido pelo menos uma embriaguez ligeira no espaço de um ano e 30% reconheceram ter passado por uma situação severa. Se o álcool, atualmente proibido por lei antes dos 18 anos, tem esta dimensão entre os jovens, o tabaco não fica atrás: 43% dos jovens fumaram nos últimos 30 dias, um indicador de consumo regular (estudos anteriores sugeriam um consumo menor).
As conclusões resultam de um inquérito feito pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) em articulação com o Ministério da Defesa Nacional. Abrangeu 70.646 jovens que participaram no ano passado no Dia da Defesa Nacional. Os rapazes têm, no geral, mais comportamentos de risco, declarando mais situações de embriaguez, mas também ocasiões de grande ingestão de álcool (o chamado «consumo binge»).
Se a grande maioria tinha consumido álcool recentemente (4/5) e quase metade tinha fumado , um quarto dos jovens admitiu também o consumo de substâncias ilícitas, sobretudo canábis. Quase um terço afirmou já ter experimentado esta droga e 15% fumaram erva no último mês.
No Alentejo bebe-se maise no Algarve há mais droga
Verificou-se ainda um consumo regular de tranquilizantes e sedativos sem receita médica, na casa dos 5%.
O estudo permitiu apurar diferenças regionais significativas. O consumo diário ou quase diário de álcool é mais comum no Alentejo. Já o consumo regular de droga surge mais vezes nos inquiridos do Algarve. Entre os jovens dos Açores verificou-se um maior consumo de medicamentos tranquilizantes ou sedativos sem receita. Na Madeira não existe este problema, mas é onde se fuma mais.
Outro dado do inquérito permite perceber até que ponto os jovens misturam diferentes substâncias. Dois em cada 10 (21%) assumiram fazer combinações, sendo que este comportamento de risco parece ser mais frequente mais uma vez no Alentejo e no Algarve e também entre os rapazes. As misturas mais frequentes são álcool e canábis e álcool e bebidas energéticas, mas há também quem misture diferentes derivados de canábis ou álcool, cocaína e canábis. A maioria dos jovens inquiridos disse, contudo, não ter quaisquer problemas derivados do consumo de álcool e outras substâncias.
Dependência virtual menor
A dependência digital e de jogos é também uma das áreas de intervenção do SICAD. O inquérito sugere que será uma matéria menos problemática. Metade dos inquiridos disse jogar online e 15% fazem apostas, mas são uma minoria os que referem mais de seis horas na internet. As raparigas usam mais as redes sociais e os rapazes são quem mais joga.