2.Todavia, a estratégia de Costa para o município do Porto insere-se numa linha mais global que já definiu para as autárquicas de 2017: conquistar o maior número de câmaras, sobretudo as mais significativas politicamente a nível nacional, para exponenciar a sua popularidade. É que todos já temos a convicção, por esta altura, de que as legislativas ocorrerão no final do próximo ano ou início de 2018: obter um resultado positivo nas autárquicas será, pois, um crucial (decisivo?) balão de oxigénio para o extremo-PS de António Costa.
3.A revelação de António Costa não deixou, porém, de surpreender alguns (ainda que publicamente poucos) setores do PS. Isto porque o PS foi atrás da decisão do CDS/PP, revelado logo em março por Assunção Cristas: no final do congresso que a entronizou como líder, Assunção Cristas foi a primeira a colocar as autárquicas na ordem do dia, declarando, sem reservas, o seu apoio a Rui Moreira no Porto. Pois bem, podemos afirmar que Assunção Cristas já registou a sua primeira vitória política: foi a primeira a declarar o apoio a um candidato que até os socialistas acabaram por patrocinar. Quem liderou o jogo foi Assunção Cristas. Como nós então escrevemos, a declaração de apoio a Rui Moreira, em pleno congresso do CDS, foi um tiro político muito acertado da nova líder centrista.
4.Já sabemos que quer CDS/PP, quer PS apoiarão Rui Moreira. E o PSD de Pedro Passos Coelho? O que fará no Porto? Apoiará Rui Moreira – ou apresentará um candidato próprio? E quem? O presidente da distrital do partido, Virgílio Macedo, já anunciou publicamente que o partido apresentará uma solução em prol dos portuenses, de qualidade e competitiva.
4.1. Parece-nos que tais declarações significam a exclusão de um eventual apoio dos sociais-democratas a Rui Moreira. Nas últimas semanas, os responsáveis do PSD/Porto têm estabelecido contacto com várias personalidades sociais-democratas do norte à procura de um candidato forte e com possibilidades efetivas de vitória. Sabemos que José Pedro Aguiar-Branco foi sondado – mas rejeitou, quedando-se pela candidatura à Assembleia Municipal de Guimarães. Outro nome aventado com alguma insistência é o de Pedro Duarte, o qual pondera ainda aceitar o convite.
4.2. No entanto, julgamos que a hipótese de Pedro Duarte avançar é praticamente nula. Resta o cenário de uma candidatura protagonizada pelo próprio Virgílio Macedo – seria uma ótima escolha. Uma ótima escolha para o PSD perder com larga vantagem e Pedro Passos Coelho ser arredado da liderança do partido. Evidentemente, Pedro Passos Coelho – político perspicaz e com um sentido de sobrevivência à prova de bala – não irá cometer tamanho erro.
5.Qual seria, na nossa perspetiva, a estratégia mais sensata para o PSD no que respeita à Câmara Municipal do Porto? Fácil: apoiar Rui Moreira, formando uma ampla coligação de apoio ao atual edil portuense. Porquê? Pelas razões que passamos a enunciar:
1) Mostrará que o PSD coloca os interesses das comunidades que serve à frente das suas conveniências político-partidárias. O PSD é um partido responsável, patriótico, que reconhece o mérito do trabalho daqueles que servem as comunidades locais com dedicação e seriedade. Ora, Rui Moreira tem desenvolvido um trabalho que deve merecer o aplauso de todos os moderados, desde o PS até ao CDS, passando pelo PSD;
2) Evidenciará, mais uma vez, que o PSD, estando em causa o interesse público, não tem qualquer problema em convergir com as restantes forças políticas, apoiando um candidato que até é independente;
3) Evitará que Passos Coelho seja o perdedor da noite no Porto, permitindo que António Costa e Assunção Cristas cantem vitória na noite eleitoral. Isto é: se Passos Coelho decidir apoiar alguém que não Rui Moreira – terá uma derrota certa. Atendendo a que não será fácil conquistar outras autarquias com importância para o tal juízo político nacional de que fala o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, será uma atitude mais sensatas e inteligente para Passos Coelho centrar as suas atenções nessas outras autarquias – e apoiar Rui Moreira (candidato que ganhará sem dificuldades) no Porto, evitando uma derrota neste município. Desta forma, Assunção Cristas e António Costa cantarão vitória – mas Passos Coelho também. Evita-se, pois, que o PSD seja o único derrotado no Porto. Para quê criar mais um sarilho quando já se tem tantos e tão complicados?
6. Se o PSD souber interpretar os factos e se guiar por critérios lógicos, apoiará certamente Rui Moreira.