Segundo o SOL apurou, esta foi a versão que Carvalhão Gil apresentou durante o interrogatório a que foi sujeito, ontem, presidido pelo juiz de instrução Ivo Rosa, do Tribunal Central de Instrução Criminal. Foi com o mesmo argumento, aliás, que o agente do SIS justificou o dinheiro que recebeu do congénere russo – 10 mil euros – durante o encontro entre ambos numa esplanada de um café de Roma, há três semanas, em que ambos foram detidos em flagrante delito. Além do dinheiro, foram então apreendidos documentos da Nato a Carvalhão Gil, mas este mantém a versão de que se tratou apenas de mais um contacto com um empresário que conhecera em Lisboa, por acaso, num café, com o qual pretendia lançar uma empresa e, assim, acautelar o futuro.
Carvalhão Gil negou saber que Sergey trabalha para os serviços de informações russos e que tem passaporte diplomático. Reconheceu terem-se encontrado anteriormente, no outono de 2015, em Liubliana, mas sempre no mesmo contexto: montarem juntos um negócio com base em Portugal. Ao longo do interrogatório, que durou cerca de uma hora, as respostas de Carvalhão Gil foram sempre bastante vagas
No final do interrogatório, o juiz decidiu colocar Frederico Carvalhão Gil em prisão preventiva, para já, tendo pedido aos serviços de Reinserção Social um relatório com vista a averiguar as condições para que o arguido possa ser colocado em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica. A prisão preventiva foi justificada pelo perigo de fuga, tendo em conta que a mulher do agente do SIS é da Geórgia (país onde está, neste momento, a acompanhar a doença da mãe). É suspeito de crimes de espionagem, violação de segredo de Estado e corrupção.