Preocupados com os pais e a apoiar os filhos adultos. É este o perfil dos cidadãos portugueses com mais de 65 anos, considerados os principais impulsionadores do consumo nacional num estudo divulgado no sábado pelo Observador Cetelem.
O cenário existente em Portugal é claro. Onde os filhos saem da casa dos pais em média aos 29 anos, cerca de 51% dos seniores inquiridos declararam ter pelo menos um descendente a viver em sua casa – significativamente mais do que a média europeia (32%). À frente dos portugueses estão apenas os espanhóis.
Uma percentagem ainda considerável dos inquiridos (8%) tem pais ou padrastos debaixo do teto. Os seniores portugueses também são dos mais preocupados na Europa, tanto com a situação dos idosos (83%), como com o futuro dos seus filhos (87%). Consideram assim incontornável apoiar financeiramente estes últimos (93%).
Ainda assim, essa realidade acaba por não afetar as intenções de compra deste segmento. De acordo com o estudo, verifica-se uma subida das intenções de em praticamente todas as categorias. O maior destaque vai para gastos com viagens e lazer (43%), seguido de produtos eletrodomésticos (39%) e mobiliário (30%).
Aliás, a classificação dada pelos consumidores à sua situação financeira pessoal evoluiu favoravelmente face a 2015, tendo passado dos 4,6/10 para os 4,7/10. “A evolução foi maior na forma como veem a situação do país: passou de 3,2 para 3,5. Mas apesar desta melhoria, continuam a ser os mais pessimistas da Europa”, acrescenta o documento.
Ao mesmo tempo, os portugueses são quase campeões no que diz respeito à intenção de aumentar as poupanças. Mais de 50% dos consumidores têm intenção de aumentar as poupanças, o que representa um aumento de sete pontos percentuais em relação a 2015.
Resistência às compras online
Apenas 14% dos seniores portugueses recorrem com frequência à internet na hora de fazer as compras. Um valor inferior quando comparado com a média europeia, que atinge os 32%. São ainda menos aqueles que compram electrodomésticos online (6% vs 24%) e móveis (2% vs 14%). Nestas três categorias de produto, os portugueses encontram-se no último lugar dos 13 países analisados.
Apesar disso já passam mais horas semanais a navegar na internet (10h40) do que a ver a televisão (10h10). No entanto, a loja continua a ser o seu universo de compras preferido. “Utilizam a internet como fonte de informação e de comparação, mas confiam no conselho humano para ajudar na escolha”, diz o relatório.
Adeptos de viagens
Em relação ao lazer, 41% dos seniores portugueses foram de férias ou de fim de semana pelo menos três vezes no último ano. No entanto, no caso dos não seniores, essa percentagem chega aos 49%, bastante acima da média europeia (39%).
De acordo com o Eurostat, as despesas turísticas das pessoas com mais de 65 anos aumentaram mais de 30% entre 2006 e 2011 na Europa – mais do que na restante população. “Concretizar os seus sonhos ou a sua sede de viagens e descobrir novos prazeres, inúmeras razões podem empurrar os seniores a viajar”, salienta o estudo.
Quanto ao tipo de alojamento, os seniores portugueses têm preferência pela casa de amigos/familiares (59%) e pelo hotel (49%), mas distinguem-se pela apetência pela residência secundária (19%). São mesmo os que mais optam por este tipo de alojamento (média europeia é de 9%).
Estas tendências não deverão variar significativamente a curto prazo, alerta o estudo. Um quarto dos seniores declara ter intenção de ir com mais frequência de férias nos três próximos anos, outro quarto diz que tem intenção de ir menos. A restante metade pretende manter a sua frequência de viagens. Os motivos financeiros são a principal razão invocada. Para trás, ficam os problemas de saúde.