A expulsão do defesa Amoros, capitão do Mónaco e da Seleção francesa, logo no jogo de abertura, por agressão a um jogador dinamarquês, deixava antever o pior para o país anfitrião do Europeu em 1984, que acolheu a prova em sete cidades (Paris, Lens, Nantes, Marselha, Saint Étienne e Lyon).
A vitória sofrida frente à Dinamarca por um 1-0, no Parque dos Príncipes, com um golo de Michel Platini – que viria a sero melhor marcador da prova (e, até hoje, de todos os Euros) com 9 golos em 5 jogos –, minimizou os estragos para a Seleção francesa. Amoros seria suspenso por 3 partidas.
A braçadeira foi assim entregue a Platini, médio/avançado da Juventus na altura, que carregou França às costas até à final decisiva frente à Espanha (2-0). Platini marcou em todos os jogos da fase final do Euro, um feito inédito até aos dias de hoje. Foi esse o primeiro título europeu para os franceses. Paris tinha razões para estar em festa.
França: duas fases finais, dois títulos de campeã
A mesma festa que se celebrou em 1998, quando a ‘geração Zidane’ bateu o Brasil (3-0) na final do Mundial, a 12 de julho, no Stade de France, em Paris. AFrança voltava a sagrar-se campeã em casa. Foram os dois pontos mais mais altos do futebol francês. Que espera. agora, que a história se repita com mais um título.
Dezoito anos depois, a seleção do histórico Didier Descamps (capitão da geração que conquistou o Mundial-1998 e o Euro-2000) volta a receber uma fase final, que decorre do próximo sábado até 10 de julho, e como país anfitrião quer manter a tendência.
Portugal com Inglaterra na segunda linha de favoritos
Um historial que deixa a França na primeira linha dos favoritos, a par de Espanha e da Alemanha, como os mais sérios candidatos a vencer o Euro-2016. Numa segunda linha de candidatos, virão as seleções de Itália, Inglaterra, Portugal e Bélgica.
É quase uma questão de lógica, como dizia Gary Lineker: «Futebol são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha». Apesar do exagero, a ideia do antigo avançado inglês até faz sentido. Os alemães são detentores do maior de títulos em Europeus (3), a par dos espanhóis, e não só comandam o ranking de presenças em fases finais (11) como lideram no número de vitórias (23 em 43 jogos).
E não é só: o selecionador Joachim Löw ainda se pode orgulhar dos galões de campeão do Mundial-2014, onde a Alemanha atropelou o anfitrião Brasil nas meias-finais (7-1). O que não admira numa geração que conta com Muller, Götze, Özil, Kroos ou Neuer nas suas fileiras.
Quem não guarda boas recordações dessa altura é a Espanha, eliminada de forma precoce na fase de grupos. Já em matéria de Europeus, o bicampeão (2008 e 2012) aterra em França com uma equipa renovada, e à procura de um inédito ‘tri’ consecutivo. Terão a palavra Sérgio Ramos, Casillas e Iniesta (os resistentes da antiga La Roja) ou até mesmo os novatos Morata e Lucas Vázquez, comandados pelo veterano Del Bosque.
Num Euro alargado a 24 países, a Seleção nacional e a Bélgica, número 2 do ranking FIFA, surgem numa segunda linha de favoritos. Opinião partilhada por Luís Figo. «Portugal não é favorito. Acho que França, Espanha e Alemanha, que têm mais experiência e já ganharam Europeus, são as favoritas», afirma.
Nada que tire o sono a Fernando Santos, que não tem medo de elevar a fasquia e pela primeira vez aponta a mira ao título: «Quero ganhar o campeonato da Europa em França e as pessoas acreditam. Portugal é candidato, mas não é favorito devido ao histórico», explica o selecionador nacional.
Ambição não falta
Na verdade, desde 1986 que Portugal não falha a fase final de um Europeu. Nas últimas 5 presenças, foi uma vez finalista (2004), duas semifinalistas (2000 e 2012) e noutras duas ocasiões chegou aos ‘quartos’ (1996 e 2008). Ambição, por isso, não falta, mas será o sonho possível?
Mourinho diz que sim. «Se me disserem que Portugal ganha, eu não abriria a boca de espanto. Se for a uma meia-final ou aos quartos, muito menos», sublinhou o novo treinador do Manchester United. Certo é que esta será a última oportunidade para alguns veteranos da equipa das quinas, como Ricardo Carvalho. Cristiano Ronaldo é que não perdeu tempo e [França x Roménia] já saiu ao ataque: «Estou feliz pela Champions do Real, mas quero ganhar o Europeu». Portugal agradece.