Se vir o Bruno Alves, fuja; se vir o Quaresma, deslumbre-se!

O que sucedeu na passada semana em Wembley encontra-se algures entre o ridículo, o anedótico – e o trágico

1.Bruno Alves é qualificado pelos especialistas do futebol – com o “papa” Luís Freitas Lobo à cabeça – um jogador saudavelmente agressivo. Faz da sua raça a sua principal qualidade futebolística; faz do empenho, a sua nota distintiva na forma de tratar o esférico e os seus adversários; faz da sua virulência, a sua táctica desportiva e o seu modo normal de estar no campo. Sucede, porém, que a virulência termina não poucas vezes em violência.

2.O que sucedeu na passada semana em Wembley encontra-se algures entre o ridículo, o anedótico – e o trágico. Bruno Alves tentou interceptar um lance de bola aérea, subindo literalmente pela cabeça do seu adversário inglês. Só há uma explicação plausível para a atitude do defesa central que joga na Turquia: Bruno Alves estava particularmente cansado na quarta-feira e pretendeu obter alguns minutos adicionais de descanso. Ou então sempre quis ir visitar o Big Ben e o Palácio de Westminster, tendo aproveitado o ensejo para o fazer na hora e um quarto de jogo que ainda restava. Há uma piada que um amigo nosso nos contou (e que até já chegou ao Reino Unido) que diz que em caso de avistamento de Bruno Alves, devemos fugir rapidamente para zona segura. Ou então usar capacete…

3.O que importa é que Bruno Alves já pediu desculpa (aos colegas e aos portugueses), pressupondo-se, pois, que não voltará a repetir a brincadeira, prejudicando a nossa Selecção. E frustrando os objectivos de Portugal – os quais passam sempre pela vitória. Enfim, o jogo com a Inglaterra já pertence ao passado. Ontem, Portugal defrontou a Estónia no seu último jogo a “feijões” antes de se iniciar o Euro 2016, em França, onde nos ofereceu uma noite cheia de golos e bom futebol. Euro, esse, que será a última oportunidade para uma geração de futebolistas que já nos ofereceu numerosas felicidades – mas ainda não logrou conquistar uma vitória que fique eternizada na nossa História. Na História do futebol.

4.Por hoje, também nós queremos ocupar o lugar de Fernando Santos. Como em cada português, há um seleccionador nacional – eis o nosso onze para vencer o Europeu:

Guarda-Redes: Rui Patrício;

Defesa-Esquerdo: Raphael Guerreiro;

Centrais: Ricardo Carvalho e Pepe;

Defesa- direito: Vieirinha;

Médio-defensivo: Danilo;

Médios: André Gomes, João Mário e João Moutinho;

Avançados: Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo.

5.Dúvidas: Nani ou Ricardo Quaresma? Quaresma evidencia uma melhor forma, mas Nani tem a vantagem comparativa da experiência a seu favor. Após o jogo de ontem frente à Estónia, parece-nos claro que Ricardo Quaresma tem o elemento mais relevante para triunfar: a vontade imensa e inquebrantável de conquistar algo grandioso. E quer retribuir a Fernando Santos e aos portuguesas a nova oportunidade que lhe deram, após o seu afastamento inexplicável da equipa nacional promovido por Paulo Bento.

6. Como vários especialistas já assinalaram, a experiência é um activo importante – decisivo – em competições curtas como o Euro. Todavia, confiar demasiado na experiência ou fazer demasiadas experiências com a experiência – resulta apenas numa má experiência. É uma experiência que não queremos voltar a repetir. Já nos bastou o Mundial de 2014 no Brasil…

joaolemosesteves@gmail.com