Orlando, cidade localizada no bonito e muito acolhedor estado da Flórida, em plena terra da liberdade, que são os Estados Unidos da América. Conhecida pelas suas parques temáticos de diversões, Orlando é um dos destinos turísticos mais atractivos em terras do Tio Sam. Parece, no entanto, que, aproveitando o título do filme (produzido em Hollywood, Los Angeles, situado noutro estado norte-americano, na Califórnia, por sinal com muitas similitudes com a Flórida…) “Pesadelo em Elm Street”, nas última semanas temos vivido um verdadeiro “Pesadelo em Orlando City”.
A brutalidade, a desumanidade humana (expressão por nós já utilizada e apresentada aqui no SOL para descrever uma faceta do mundo em que vivemos), o terror do ato perpetrado por Omar Mateen, numa discoteca em que decorria festa de um grupo defensor dos direitos LGBT, é algo que só equacionávamos mesmo possível num filme de terror de série B ou C. Infelizmente, é verdade – aconteceu mesmo. Mais de cinquenta pessoas perderam a vida. Os seus familiares choram, a Flórida chora, os Estados Unidos choram; a Humanidade chora. Repetimos: a Humanidade chora.
Por conseguinte, é inadmissível que haja quem sequer sugira que o ato de pura barbárie é menos censurável ou menos desprezível porque atentou contra uma festa homossexual. Ou porque a homossexualidade é contranatura, logo, um ato contranatura para se rebelar contra outra manifestação contranatura é justificável.
E até (imagine-se!) foi sugerido que os radicais islâmicos não estão errados em todos os seus fanatismos – alguns até são benéficos para a defesa da sociedade. A homossexualidade seria um dos problemas da sociedade contemporânea – repudiar incondicionalmente, sem reservas, o ato de loucura racional e racionalizada de Omar Mateen seria dar uma abébia à agenda LGBT. E isso não poderia ser! Mesmo que tenham sido sacrificadas mais de cinquenta vidas: ceder à agenda LGBT é que um valor absoluto. Qualquer cedência seria uma fraqueza.
Entendamo-nos: quando a dignidade da pessoa humana é colocada em causa, nos seus fundamentos, no seu significado e na sua vivência, a nossa condenação tem que ser total e incondicionada. Quando vidas humanas são ceifadas por agentes que fazem do ódio, da destruição, da morte, do obscurantismo modo de vida – a nossa reação só pode ser de repulsa, de defesa dos nossos valores, que é dizer, dos valores da Humanidade. Não há “mas”, “porém” ou “apesar” – há apenas a censura incondicional e a luta contra todas as formas de ódio, de discriminação, de manipulação do ser humano para fins políticos e económicos obscuros. Está em causa a defesa da vida humana. Está em causa a defesa da nossa Liberdade.
Aqueles que, entre nós, por qualquer motivo (preconceito, convicções ou dogma) desculpabilizar, atenuar ou querer tornar menos obscuro um ato extremamente obscuro por natureza – está a legitimar um ato terrorista. É que a censurabilidade de atos terroristas não depende das suas causas ou dos seus motivos: o terrorismo é censurável e moralmente condenável por ele próprio. Por ser terrorismo. Ponto.
Quem legitimar moralmente atos terroristas – como os cometidos em Orlando – não pode deixar de ser, na nossa apreciação, cúmplice moral dos terroristas e da sua propaganda. Quem legitimar moralmente terroristas – seja por que argumento for – não é Charlie, não é Paris, não é Orlando – é mais Omar Mateen. O rosto e o nome da barbárie.
Como – não obstante algumas mentes pouco brilhantes – foram mais (e mais estridentes) as vozes de condenação veemente e incondicional, ainda há a esperança de que o ser humano seja mesmo Orlando e Paris – e não Mateen. Não queramos ser Mateen. Honremos a Humanidade. Derrotemos o ódio e o terrorismo. E vamos derrotar.