Ceausescu governou com mão de ferro a Roménia ao longo de 25 anos. “Como presidente, repartia a sua vida por vinte e um palácios profusamente mobilados, quarenta e uma vivendas de luxo e vinte pavilhões de caça. […] Sonhava tornar-se um Napoleão comunista – que também media 1,57 m – e, tal como Napoleão, construiu o seu país como um monumento a si próprio”, escreveu Peter Molloy em “O Mundo Perdido do Comunismo” (Bertrand Editora). “Os empregados não podiam ser mais altos do que Nicolae e Elena. Era proibido admitir pessoas de cabelo escuro ou morenas”, pode ler-se no mesmo livro.
A 16 de dezembro de 1989, protestos em Timisoara, a segunda maior cidade do país, degeneraram em revolta, cuja repressão provocou a morte de centenas de romenos. A 22 de dezembro Ceausescu fugiu de helicóptero com a mulher, mas o casal acabaria por ser capturado, condenado à morte e fuzilado. A execução, no dia de Natal de 1989, ficou registada em vídeo e as imagens difundidas por todo o mundo.
Apesar da pobreza da população, o casal Ceausescu vivia uma vida faustosa, como revelam os seus aposentos privados, que ainda assim ocupavam apenas uma pequena parte do Palácio do Parlamento, o maior do mundo, com 350 mil metros quadrados. Tapetes de seda, mosaicos dourados, paredes de mármore e móveis de madeira trabalhada traduzem um conforto e uma opulência que contrasta com os apartamentos cinzentos e anónimos onde vivia o cidadão romeno comum.
Ceausescu foi condenado num julgamento sumário de genocídio e de conduzir o seu país à ruína, mas muitos atribuíam a culpa dos seus erros à mulher, a quem acusavam de avidez de poder. Por isso há quem continue a depositar flores no túmulo do antigo líder, enquanto o de Elena (uma simples cruz de madeira) se encontra negligenciado.