EUA: Senado rejeita medidas para controlar venda de armas

Os democratas tentaram tornar obrigatória a verificação de antecedentes criminais para todas as vendas de armas. Proposta que acabou chumbada

Uma semana depois do tiroteio mais mortífero da história recente do país, o Senado norte-americano foi incapaz de aprovar qualquer uma das quatro iniciativas legislativas com que se pretendia aumentar a verificação de antecedentes criminais dos compradores de armas e impedir que cidadãos incluídos na lista do FBI de possíveis terroristas pudessem comprar qualquer tipo de arma.

Os votos decorreram na segunda-feira, depois de no final da semana passada os democratas terem recorrido a um método tradicional da política norte-americana – o filibuster, que consiste em ir prolongando o debate, mantendo a sessão no mesmo ponto da agenda enquanto nos bastidores se negoceia a inclusão de outros pontos na agenda, neste caso a votação das novas propostas.

Chris Murphy, senador democrata eleito pelo estado de Connecticut, falou durante 14 horas e os seus colegas acordaram em votar duas propostas democratas e duas republicas. Mas nenhuma delas conseguiu os 60 votos necessários para ser aprovada.

Os democratas tentaram tornar obrigatória a verificação de antecedentes criminais para todas as vendas de armas – a lei atual prevê várias exceções – incluindo prendas e empréstimos a familiares diretos. Proposta que acabou chumbada por 56 votos contra e apenas 44 a favor.

No lado republicano propunha-se colocar mais fundos à disposição desses mecanismos de verificação, embora se rejeitasse qualquer endurecimento. Teve ainda menos votos a favor (53) e mais contra (47).

Já em relação a impedir suspeitos de terrorismo – incluídos na lista onde estava Omar Mateen, o responsável pela morte de 50 pessoas numa discoteca gay de Orlando – também não houve consensos na câmara alta do Congresso norte-americano, embora representantes dos dois partidos deixado em aberto que esse acordo pode chegar nos próximos dias.

Cinquenta e três senadores votaram contra a proposta democrata, que pretendia impedir a compra de armas a todos os nomes incluídos nas listas de suspeitos das agências de segurança do país. Exatamente o mesmo número que votou a favro da proposta republicana, apoiada pela Associação Nacional de Armas (NRA na sigla original), que propunha um sistema em que o suspeito incluído nessa lista que tentasse comprar uma arma teria de aguardar 72 horas para que o Departamento da Justiça analisasse o caso e aprovasse (ou não) a compra.

nuno.e.lima@sol.pt