Ontem foi um dia negro nos mercados

Bancos ingleses perderam o equivalente a quase 50 mil milhões de euros. A libra colapsou, as bolsas afundaram e os juros dispararam. Em Portugal, a bolsa perdeu 3,3 mil milhões de euros de capitalização, um terço dos quais da EDP. Os juros registaram a maior subida desde a demissão «irrevogável» de Portas, em julho de…

Ontem foi um dia negro nos mercados

O resultado do referendo no Reino Unido teve um efeito devastador nos mercados, confirmando que os investidores não acreditavam que o sim pudesse mesmo ganhar.

As principais bolsas europeias perderam mais de 960.000 milhões de euros de capitalização.

Libra chegoua cair para valor de 1985.

A libra colapsou. A moeda britânica chegou a cair 11% contra o dólar, o valor mais baixo desde 1985. A derrocada só foi estancada depois dos bancos centrais garantirem que vão injetar liquidez, e mesmo assim a quebra foi de 7,61% para 1,3745 dólares no final da sessão. O que constitui a maior quebra de sempre e o mínimo em mais de 30 anos.

Em relação ao euro, a desvalorização foi superior a 6% para 1,2245 euros.

Bolsas afundam

Foi uma sexta-feira negra nas bolsas mundiais. Os principais índices bolsistas afundaram, com particular destaque na Europa e no setor financeiro. Os bancos ingleses perderam o equivalente a quase 50 mil milhões de euros num só dia. As bolsas espanhola e italiana foram as que registaram as maiores quebras, ao desvalorizarem mais de 12%. O CAC40, em França, perdeu mais de 8% e o DAX alemão caiu 6,82%.

A bolsa de Londres caiu 3,15% e os principais índices bolsistas em Wall Street também fecharam ontem a cair: o Dow Jones e o S&P  mais de 3% e o Nasdaq 4,12%.

A bolsa nacional, como não podia deixar de ser, acompanhou a tendência, com 17 empresas em baixa e apenas uma a subir.

O PSI chegou a cair para mínimos de 20 anos. No final, o índice português perdeu 3,3 mil milhões de euros de capitalização bolsista. Quase um terço deste valor foi da EDP, que desvalorizou cerca de 1,5 mil milhões de euros num único dia. A elétrica fechou a sessão a recuar 10,68% para 2,635 euros.

O título mais penalizado foi, no o entanto, e mais uma vez, o BCP. As ações do banco presidido por Nuno Amado deslizaram 12,2% para 0,018 euros. O BPI perdeu 4,16% (1,084 euros) e o Montepio 0,39% (0,509 euros). A única cotada que subiu foi a Pharol (2,11%).

Juros disparam

Os mercados da dívida também sofreram com a decisão dos britânicos. Os países periféricos da zona euro foram, como é habitual, os mais afetados. Em Portugal, os juros da dívida não subiam tanto há quase três anos. Os títulos a dez anos chegaram a aumentar 47 pontos base para 3,559%, no que constitui a maior subida desde que Paulo Portas apresentou a sua demissão ‘irrevogável’ em julho de 2013.

No final da sessão, e já depois do Banco Central Europeu (BCE) ter dado a garantia de mais liquidez nos mercados, os juros acabaram por subir apenas 26,7 pontos para 3,357%.

Em Espanha e Itália, a taxa das obrigações a dez anos registaram subidas de 16,5 e 15,7 pontos base, respetivamente, chegando a 1,632% e 1,557%.