O antigo presidente da Câmara de Londres, Boris Johnson, explicou, num artigo publicado pelo “The Telegraph” – jornal no qual tem uma coluna de opinião semanal, as principais causas para a vitória do Brexit.
No longo texto publicado esta segunda-feira, o ex-presidente da Câmara de Londres garante que, apesar da separação de Bruxelas, “vai continuar a existir uma cooperação intensa e cada vez mais intensa com os países europeus em vários campos”.
Para Johnson, depois de uma campanha “esgotante”, os britânicos optaram pela “resposta certa”. Para o ex-presidente da Câmara, os 17 milhões que votaram pela saída fizeram-no por uma questão de controlo, uma vez que “a Grã-Bretanha estava a ser minada pelo sistema da União Europeia”.
“Acredito também que milhões de pessoas que votaram ‘Sair’ foram inspiradas pela crença de que a Grã-Bretanha é um grande país e que fora da burocracia da União Europeia – que só destrói empregos – podemos sobreviver e prosperar como nunca”, escreve Johnson.
Johnson descreve que a reação mundial é bastante exagerada uma vez que “o lado positivo [do Brexit] tem sido ignorado”.
A economia, segundo o ex-presidente da Câmara de Londres, está “em boas mãos” e aproveitou a coluna de opinião para elogiar o governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, dizendo saber que Carney vai continuar a fazer um “soberbo trabalho”.
O atual primeiro-ministro britânico David Cameron e o ministro britânico das Finanças, George Osborne, fizeram ainda parte deste artigo de opinião e também eles são elogiados.
“Graças, em grande parte às reformas postas em prática por David Cameron e George Osborne, os fundamentos da economia do Reino Unido são excecionalmente fortes. Uma dinâmica e uma economia voltada para o exterior com uma base de habilidades cada vez melhores e com uma vantagem em alguns dos setores de crescimento importantes no século XXI”, elogiou.
A partir de agora, será tudo mais fácil. “Devemos estar muito orgulhosos e positivos daquilo que o Reino Unido pode agora alcançar. E vamos conseguir todas estas coisas juntos, com todas as quatro nações unidas”, acrescentou, dizendo ainda não acreditar que a Escócia volte a repetir o referendo de 2014.
Boris Johnson dirigiu-se depois para os cidadãos da União Europeia a residir no Reino Unido. “Os cidadãos da UE que vivem neste país terão os seus direitos totalmente protegidos. E o mesmo vale para os cidadãos britânicos que vivem na União Europeia”, prometeu. “O povo britânico ainda será capaz de ir e trabalhar na UE; viver, viajar, esturdar, comprar casas e estabelecer-se”, garantiu ainda o ex-presidente da Câmara de Londres.
“Há todas as razões para estarmos otimistas”, finalizou.
“Projeto medo” acabou
Esta segunda-feira de manhã, Boris Johnson falou aos jornalistas, na tentativa de acalmar os cidadãos britânicos quanto às preocupações sobre a economia devido ao Brexit.
“Está claro que o ‘Projeto Medo’ é longo. Não vai ser um orçamento de emergência, as pensões das pessoas estão seguras, a libra está estável, os mercados estão estáveis… E eu acho que tudo isto é muito bom”, começou por dizer.
“Não vai ser de vento em popa nos próximos dias mas vamos ver isso, não devem substimar a nossa determinação”, disse ainda. “Estávamos preparados para o inesperado e estamos equipados para tudo o que acontece”, acrescentou.
A verdade é que, nas bolsas, o impacto continua a sentir-se. Na Praça de Lisboa os valores registados foram os mais baixos de sempre e no Reino Unido dois dos maiores bancos britânicos não estão a conseguir estancar a hemorragia de perdas.
O Barclays e o Royal Bank of Scotland Começaram a sessão de hoje a recuar mais de 10% e forçaram o sistema informático da bolsa de Londres a reagir. Ao contrário do mercado português, onde as decisões são sempre tomadas pela CMVM, na maior bolsa do Reino Unido são os computadores a tomar decisões.
Também o HSBC, Standard Chartered e Lloys Bank estão a sentir os efeitos secundários do anunciado Brexit, mas conseguem para já limitar a perda de valor.