Cestos para transportar medicamentos, uma caixa de entrega de medicamentos ao domicílio, ábacos, litografias e embalagens: são ao todo 15 artefactos e trazem ao Museu da Farmácia algo de completamente novo.
“O conceito de farmácia como nós temos, de espaço público, visível na rua, não existiu no Japão até muito recentemente”, explica ao SOL o diretor do museu, João Neto. “Eles têm um conceito antigo, de farmácia portátil domiciliária, e isso é algo que faltava às nossas coleções”. Os objetos, entregues ao museu numa cerimónia que teve lugar no dia 21, abrangem um período que vai desde o final do século XVIII ao início do século XX, o que permite “acompanhar a evolução” da arte de curar na cultura nipónica.
A ideia de doar estes objetos partiu de uma visita do embaixador do Japão em Portugal, Hiroshi Azuma, e de um empresário farmacêutico japonês ao Museu da Farmácia, em março deste ano. Desde aí, o diplomata e o empresário desenvolveram contactos no seu país, que acabariam por culminar nesta doação inédita – nunca uma companhia farmacêutica do Japão fizera uma doação a um museu estrangeiro. Por isso João Neto realça “o empenho muito grande da embaixada”.
Criada em 1876 e oriunda de Toyama, um reconhecido centro de medicina japonês (que alguns consideram mesmo uma espécie de Silicon Valley do ramo), a Kokama, responsável pela doação, é uma das empresas farmacêuticas japonesas com maior tradição.