FMI revê em baixa crescimento da economia portuguesa

Fundo insiste na necessidade de o governo tomar mais medidas de consolidação orçamental. Finanças voltam a garantir que orçamento aprovado será cumprido.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as suas previsões de crescimento do PIB português para 1% este ano e 1,1% em 2017.

As novas previsões – em abril estimava um crescimento de 1,4% e 1,3% – surgem na sequência da visita dos técnicos deste organismo no âmbito da monitorização pós-programa da troika e ao abrigo da análise anual (do artigo IV) que o FMI faz a todos os estados-membros.

O FMI volta a repetir alguns dos avisos nomeadamente uma dívida púbica elevada, a situação da banca e a ausência de reformas.

O abrandamento económico é justificado pelo "enfraquecimento das exportações e investimento" em resultado do aumento da incerteza e quebras acentuadas em alguns mercados portugueses. Os principais riscos identificados prendem-se com a queda na taxa de poupança e a baixa confiança dos investidores, que poderá ser ainda mais afetada pelos resultado do Brexit.

A previsão inicial do governo apontava para 1,8% em 2016, mas, em entrevista esta quarta-feira ao jornal Público, o ministro das Finanças admitiu que o crescimento da economia vai ser mais baixo este ano, referindo-se até aos 1,2% estimados pela OCDE, a organização que tinha a projeção mais pessimista até hoje.

Segundo o FMI, Portugal não poderá crescer mais do que 1,2% ao ano a médio prazo tendo em conta "as persistentes rigidezes estruturais e o excesso de dívida do setor privado” que “estão a levar mais tempo a resolver do que se esperava".

Daí a necessidade de continuar com as reformas, tanto no mercado de trabalho como no mercado de produto. "Uma mudança na direção das reformas adotadas no passado pesaria sobre a incerteza já existente sobre o investimento e diminuiria as perspetivas de crescimento, emprego e rendimento", refere o comunicado divulgado esta quinta-feira. 

Em relação ao défice, o Fundo considera que "provavelmente serão necessárias mais medidas para controlar a despesa de forma a garantir o objetivo de défice de 2,2%".