O sistema bancário português continua a ser palco de muita instabilidade. Prova disso é a perda de postos de trabalho registada no setor, ao longo dos últimos anos. De acordo com os últimos dados do Banco Central Europeu (BCE), só entre 2014 e 2015 o número de trabalhadores bancários em Portugal reduziu-se em 1392. Um período que ficou também marcado pelo fecho de mais de 300 agências.
Mas os números divulgados por Frankfurt mostram que esta tendência não é de agora. Recuando até 2011, é possível perceber que, desde essa altura, o corte de postos de trabalho supera em muito os 7 mil. Só no ano de 2012, a estrutura de recursos humanos nesta área perdeu mais de 2500 trabalhadores.
A análise feita ao sistema bancário português mostra ainda que, durante 2015, o maior corte foi feito na Caixa Geral de Depósitos (CGD), que fechou o ano com menos 448 trabalhadores do que em 2014. Uma redução para 8410 postos de trabalho, que aconteceu sobretudo ao abrigo do programa de reformas antecipadas.
Em segundo lugar na lista das instituições que mais cortes fizeram está o BCP, que viu o quadro de pessoal perder 336 pessoas. Um valor que supera as saídas registadas no Novo Banco (277).
Mas há quem acredite que os números avançados pelo BCE ficam aquém da realidade. Rui Riso, presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI), garante que nos últimos dois a três anos o setor perdeu entre 12 a 15 mil trabalhadores (ver entrevista págs. 16 a 19).
Tendência transversal Mas a verdade é que Portugal não é um caso único. Tanto a redução no número de colaboradores como de agências tem acontecido por toda a Europa.
Em 2015, o número de agências ultrapassava os 188 mil, menos 15 mil do que em 2014. Já no que respeita ao número de colaboradores do setor, no total dos 28 países, havia menos 24 mil do que no ano anterior.
E, ao que tudo indica, este número vai continuar a aumentar. Nomeadamente, em Portugal, já que, por exemplo, o Novo Banco se prepara para um despedimento coletivo que vai recair sobre quase 60 pessoas.
Caixa Geral engrossa lista O plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos contempla um cenário que representa uma fatia ainda maior no corte do número de trabalhadores bancários em Portugal. No final de junho, foi anunciado que, nos próximos anos, poderão sair da instituição cerca de 2500 trabalhadores – rescisões amigáveis ou reforma. Sendo que o plano apresentado prevê ainda o encerramento de 300 balcões, a maioria no estrangeiro.
Um cenário que António Costa, que não avança números concretos, já tinha deixado em cima da mesa logo no início do mês passado, quando questionado sobre a possibilidade de ser necessário despedir trabalhadores e fechar balcões. Por esta altura, Costa garantia não estarem previstos despedimentos, mas deixava claro que situações de reforma poderiam resultar “numa redução de pessoal”.
Também em relação ao número de balcões, António Costa frisou que, muito embora a presença internacional seja importante, é necessário saber onde é que essa presença é estratégica, e que “aí sim” deverá mesmo resultar em encerramentos.
Também no Banif e no BPI são esperados cortes no número de trabalhadores. No caso deste último, a OPA do CaixaBank pressupõe a saída de mil pessoas.