Para Marques Mendes, é evidente que "Bruxelas e Portugal estão mais ou menos em rota de colisão: Bruxelas diz que as coisas estão a correr mal e Portugal diz que estão a correr bem". Ora, salientou ontem na SIC, "goste-se ou não, está a passar a mensagem para fora de que Portugal está a regredir e que as coisas já não estão a correr bem, e é preciso cuidado com a mensagem que se passa lá para fora".
A propósito, e tendo em conta a execução orçamental divulgada na semana passada — que "na aparência é muito bonita" –, Marques Mendes chamou a atenção para o facto de "o Governo estar a fazer enormes cativações de despesa, ou seja, está a reter a despesa agora, para depois pagar lá para outubro". O problema é que "cativações não são poupanças, são adiamento de despesa".
Um país de "aparências" e uma oposição "frouxinha"
A propósito do próximo debate do estado da Nação, no final da semana, Marques Mendes considerou que, ao fim de seis meses de governação socialista, "o país está na aparência melhor": "Aparentemente as coisas vão bem, mas na realidade já tenho muitas as dúvidas. As pessoas têm um bocadinho mais de dinheiro no bolso, em virtude das reposições dos cortes salariais, mas a economia está a patinar".
Quanto aos partidos da direita, Mendes classificou-os como uma "oposição frouxinha", pois "o PSD não se tem visto, já o CDS tem-se visto mais, pois agarrou no tema da Segurança Social", por exemplo, que vai agora a votos no Parlamento, "mas a verdadeira oposição vem de Bruxelas".
A declaração da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, de que com ela no Governo Portugal não teria sanções de Bruxelas, mereceu duras críticas de Marques Mendes: "Esteve muito mal, isto é mesquinhez partidária numa altura em que os partidos deviam estar todos unidos. Além de que presunção e água benta cada um toma a que quer".
Situação "incompreensível" na CGD
Marques Mendes voltou a criticar o Governo por causa da Caixa Geral de Depósitos. Na sua opinião, é "incompreensível" que o banco público, com os problemas que tem, esteja há seis meses com uma administração em gestão corrente e novos administradores indigitados, mas que nunca mais tomam posse. E isto sem que seja dada qualquer explicação.