Ronaldo sem Messi na corrida pela Bola de Ouro

O português está mais perto do que nunca para vencer a sua quarta Bola de Ouro. Os concorrentes de peso parecem estar arredados devido às prestações nas suas seleções.

As seleções são o calcanhar de Aquiles de muitos jogadores. Se não se for futebolista brasileiro, alemão, italiano ou espanhol as probabilidades de vencer um Mundial ou um Europeu são muito reduzidas. Dos 20 Campeonatos do Mundo disputados, 14 estão neste grupo, uma realidade semelhante à passada nos Campeonatos da Europa: das 14 edições, metade ficou nas mãos da Alemanha (3), Espanha (3) e Itália (1). Estes quatro países venceram sozinhos mais de metade das duas principais competições de futebol (21 em 34).

As seleções que integram este G4 venceram cada uma quatro ou mais títulos. Se no caso das equipas europeias é uma soma do Europeu com o Mundial, o Brasil, terceiro maior vencedor da Copa América (só atrás dos 15 títulos do Uruguai e 14 da Argentina), junta os cinco ceptros em Mundiais aos oito da prova sul-americana. É aqui que chegamos às contas da Bola de Ouro: em ano de Europeu ou Mundial, o prémio recai muitas vezes num jogador que se sagre campeão nestas provas – um cenário que mudou mais recentemente quando este galardão passou a ser uma discussão praticamente a dois, entre Cristiano Ronaldo e Messi.

O português e o argentino são tão superiores à concorrência que, desde 2008, a Bola de Ouro passa apenas entre as suas mãos – o último a vencer fora deste duopólio foi Kaká, em 2007. Depois disso, Ronaldo venceu o prémio três vezes; e Messi foi melhor em cinco. Ao português e ao argentino falta, no entanto, uma coisa: a consagração com a respetiva seleção. Nem CR nem Leo venceram títulos importantes com a camisola dos seus países. E é isso que agora poderá fazer pender a escolha para a Bola de Ouro deste ano.

Com a época repartida entre os dois, Ronaldo venceu a Liga dos Campeões pelo Real Madrid e foi o melhor marcador da prova, Messi conquistou com o Barcelona a Liga espanhola. O equilíbrio é total. E serão as seleções a desequilibrar. Messi falhou a conquista da Copa América com a Argentina – perdeu a semana passada a quarta final pelo seu país, a terceira seguida (duas na Copa América 2015 e 2016 e a final do Mundial 2014). E isso deixa-o longe de uma época em cheio.

Este é um ponto a favor de Ronaldo. Ter chegado às meias-finais com Portugal e tendo a possibilidade de atingir a final e, talvez, vencer o Euro 2016, são mais créditos para o português em relação ao seu rival Messi. À semelhança do argentino, outros nomes pesados parecem também ter ficado de fora da corrida como Iniesta, Suárez ou Neymar, cujas seleções baquearam. As preocupações de CR prendem-se com Neuer, Buffon, Pogba, Griezmann ou Bale, cujas candidaturas podem ganhar forma caso vençam o Europeu. Como foi o caso dos prémios atribuídos a Beckenbauer, Rummenigge e Sammer (campeões em 1972, 1980 e 1996), Platini (1984), Van Basten (1988), ou Ronaldo por ter ganho o Mundial 2002 com o Brasil e Cannavaro quando levou a Itália ao título de campeã do mundo em 2006.

Ainda na corrida

Neuer

30 anos, Bayern. Se a Alemanha vencer o Euro torna-se um forte candidato, pois venceu a Bundesliga e a Taça da Alemanha.

Buffon

38 anos, Juventus. Se for a Itália a ganhar o Euro, pode ganhar a Bola de Ouro, até como prémio de carreira. E venceu o Campeonato e a Taça de Itália

Pogba

23 anos, Juventus. É o menino bonito do futebol europeu e um dos jogadores mais cobiçados pelos maiores clubes. Caso a França ganhe, é candidato.

Bale

26 anos, Real Madrid. Pode rivalizar com Ronaldo, já que ambos venceram a Champions pelo Real Madrid [Ronaldo tem o trunfo extra de ter sido o melhor marcador da Champions].

Fora da Corrida

Messi

9 anos, Barcelona. Depois do fiasco na Copa América e do impacto negativo da sua desistência da seleção Argentina, perdeu qualquer hipótese. Só ganhou competições em Espanha.

Iniesta

32 anos, Barcelona. Apesar de haver um sentimento de injustiça por nunca ter ganho uma Bola de Ouro a precoce eliminação da Espanha tirou-o da corrida. 

Suárez

29 anos, Barcelona. Ainda que tenha como trunfo a conquista da Bota de Ouro,  a verdade é que a eliminação do Uruguai da Copa América o tira praticamente da corrida.

Neymar

24 anos, Barcelona. O seu Brasil também fracassou na Copa América e só tem títulos domésticos em Espanha). Resta os Jogos Olímpicos.