Os astrónomos anunciaram, esta semana, a descoberta de um sistema planetário surpreendente. A 340 anos-luz da Terra, na constelação Centauro, há pelo menos um planeta que orbita em torno de três estrelas distintas. A descoberta, liderada pela Universidade do Arizona, foi publicada na revista “Science”.
Em comunicado, os investigadores estimam que o planeta HD131399Ab tenha 16 milhões de anos, uma fração mínima do tempo de vida da Terra, formada há 4,6 mil milhões de anos. Aliás, estes cálculos sugerem que este exoplaneta será um dos mais “jovens” descobertos.
Há ainda outra particularidade: a maior parte dos planetas extrassolares têm sido detetados por métodos indiretos, como variações da velocidade radial da estrela hospedeira (o sol do sistema planetário em causa) ou diminuição do brilho da estrela causada por um exoplaneta em trânsito.
Já a deteção do HD131399Ab foi direta, algo ainda relativamente raro na história da descoberta planetária e que promete vir a ser mais frequente com os novos equipamentos. Neste caso, trata-se da primeira descoberta planetária feita através de um novo instrumento instalado no observatório Very Large Telescope, gerido pelo Observatório Europeu do Sul (organização que Portugal integra). O VLT-SPHERE, já descrito como um equipamento revolucionário, consegue obter imagens diretas de exoplanetas captando a luz refletida pelo planeta e bloqueando a luz da estrela, para obter imagens mais nítidas. Claro que ainda não estamos a falar de fotografias, mas é bastante mais próximo numa área de exploração que começou timidamente há 20 anos.
Muito diferente da Terra
A órbita do planeta em torno do seus “sóis” dura 550 anos terrestres e as três estrelas estão visíveis no céu em simultâneo, as duas mais fracas mais próxima uma da outra.
Na maior parte do “ano” deste planeta, há um nascer do sol e pôr do sol triplo por dia. Mas nos pontos mais afastados da órbita, há um período em que o pôr de uma estrela coincide com o nascer de outra, de maneira que durante um quarto do ano (140 anos terrestres) é sempre de dia.
A existência destes sistemas solares triplos surpreende os cientistas, uma vez que se as diferentes forças gravíticas por pouco não “expulsam” o planeta do seu trânsito. “As nossas simulações mostram que este tipo de órbita pode ser estável, mas se mudamos as coisas só um bocadinho torna-se instável muito depressa”, explicou o co-autor da descoberta Kevin Wagner. “Não é claro como é que este planeta acabou numa órbita neste sistema radical e ainda não sabemos que impacto tem a existência deste sistema planetário na nossa compreensão dos diferente sistemas, mas mostra que há mais variedade do que muitos pensavam ser possível.”
Até na ficção científica os mais ousados se ficaram por mundos com dois sóis. É o caso do planeta natal da família Skwalker em “Star Wars”, Tatooine.
3443 planetas fora do sistema solar
Até à data, o catálogo internacional de planetas extrassolares conta com 3442 descobertas. A primeira deteção foi anunciada em 1992 e a primeira descoberta confirmada aconteceu em 1995. Só 69 foram detetados por técnicas de imagem direta.