Os pokémon estão loucos, frase que achámos que nunca iríamos dizer, muito menos escrever – na verdade isto de sermos obrigados a levar o Pokémon a sério foi coisa que nunca nos passou pela cabeça, até aos acontecimentos dos últimos dias. O mundo mudou, pode dizer-se, desde que há uma semana a Pokémon Company International e a Niantic lançaram o Pokémon GO, primeiro jogo da Nintendo para smartphones, que desde que ficou disponível nas lojas de aplicações da Google e da Apple já causou uma revolução.
Segundo a consultora SensorTower, já 7,5 milhões de pessoas fizeram download do jogo só nos Estados Unidos, um dos poucos países em que está, por enquanto, disponível esta aplicação que brevemente chegará à Europa e a Portugal, e que só naquele país gerou já 1,6 milhões de dólares (cerca de 1,4 milhões de euros) de receitas. O sucesso está a ser tal que o valor das ações da Nintendo disparou, desde o início da semana, em mais de 20%, com o valor da empresa em bolsa a valorizar em 11 mil milhões de dólares (9,7 mil milhões de euros).
Mas o mundo está em alvoroço não só com estes números. Desde que, a 6 de julho, foi lançado, apenas nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, que se multiplicam as notícias sobre casos insólitos relacionados com o Pokémon GO, um jogo de realidade aumentada em que, através da aplicação, vemos os pokémon no mundo real. Desde a adolescente americana que encontrou um cadáver junto a um rio no Wyoming quando procurava um pokémon de água às notícias de que o jogo está a ser usado para atrair utilizadores para locais isolados onde depois são assaltados. Aconteceu no Missouri, segundo uma notícia da CNN que conta que quatro suspeitos foram detidos em O’Fallon na sequência de uma chamada de emergência às duas da manhã de um domingo relacionada com um assalto à mão armada. Segundo fontes policiais citadas pela estação televisiva norte-americana, a ferramenta de geolocalização do jogo foi utilizada pelos assaltantes para antecipar a localização e o nível de isolamento de possíveis vítimas.
Segundo explica a Nintendo num comunicado enviado às redações a anunciar que o jogo estará muito brevemente disponível em Portugal, no Pokémon GO os jogadores exploram o mundo real para procurar e apanhar pokémon selvagens que podem estar escondidos em qualquer parte. “Alguns destes pokémon selvagens surgem nos seus habitats naturais; os pokémon de água, por exemplo, podem surgir perto de lagos e oceanos”, explica a empresa que lançou o jogo. Sempre que encontrarem um pokémon, os jogadores podem apanhá-lo lançando, através do telemóvel, uma PokéBola, para depois o treinar para batalhas. Tal e qual víamos Ash Ketchum fazer nos desenhos animados de Kunihiko Yuyama que nos chegaram no final da década de 1990 como primeiro grande sucesso de desenhos animados pós-Dragon Ball. Essas PokéBolas podem ser encontradas nas diversas PokéStops, localizadas em pontos que, enumera a empresa, podem ser monumentos, marcos históricos ou instalações de arte públicas.
O problema é quando locais como residências privadas são invadidos por treinadores de pokémon. Boon Sheridan, um homem do Massachusetts que mora com a sua família numa antiga igreja, queixou-se no Twitter que a sua casa estava transformada num ginásio de pokémon, local onde os jogadores treinam estas criaturas que o Pokémon GO transportou da ficção para o mundo real. “Viver numa antiga igreja significa muitas coisas”, partilhou. “Hoje significa que a minha casa é um ginásio do Pokémon GO. Isto é fascinante.” Não foi caso único, há também relatos de uma igreja batista transformada em ginásio.
A manter-se o sucesso registado nesta primeira semana, tudo indica que brevemente o Pokémon GO ultrapasse o Twitter em popularidade, segundo a consultora SimilarWeb, que sublinha que apenas em dois dias a aplicação tinha sido descarregada por 5,16% dos utilizadores do sistema operativo Android nos EUA, o que significa que já ultrapassou o Tinder.